Boa noite!
Estive pensando como é difícil para as pessoas "de fora" entenderem o que se passa com a gente. A maioria das pessoas com quem comento alguma coisa, até mesmo da minha família, ficam com pena de mim. Coitadinha, sofre tanto. E algumas vezes ficam com raiva do meu namorado, porque, na visão deles, ele que é o culpado por tudo de mal que me acontece.
É tão fácil julgar as pessoas. Confesso que eu mesma, antes de viver tudo isso, nunca imaginei ter qualquer contato com a dependência química. A visão que se tem hoje, inclusive pela própria mídia, é que drogados são todos bandidos, são loucos, violentos, vagabundos. Alguém bem próximo a mim me perguntou se o que eu queria da minha vida era ser mulher de um drogado traficante, e que se eu continuasse com essa história, não teria seu apoio. É, foi bem difícil ouvir isso. Um soco na minha cara doeria menos.
É complicado, porque eu sei que essa vida que escolhi não é uma vida fácil. Mas foi minha escolha. Ninguém é obrigado a concordar com isso. Eu escolhi ficar do lado dele, e acompanhar o tratamento dele. Porque o amor que sentimos um pelo outro é muito grande. Foi assim desde o início e já fazem 3 anos.
Hoje conversei com um amigo que nos conheceu no início de nosso relacionamento. Ele perguntou como eu estava e eu disse que só por hoje estava bem. E ele me disse que não, que não seria só por hoje, amanhã seria melhor. Tentou me passar uma atitude positiva, pensando que eu estava com um peso nos ombros. Como é difícil explicar esse pensamento. "Só por hoje". É difícil, pra quem está longe do mundo das drogas, entender o que significa viver um dia após o outro, e que cada dia que o meu querido passa limpo é uma vitória para ele, e uma alegria para mim. É uma conquista dele. E aí em questão da minha codependência, cada dia que eu consigo me desligar da doença dele, e fazer uma coisa que gosto, por mim, simplesmente porque quero, também é uma vitória minha.
Morro de medo de errar de novo. Morro de medo de que, quando ele sair de lá, eu não saiba lidar nem com ele, nem comigo mesma. Morro de medo que ele caia de novo, como já aconteceu tantas vezes. Por isso, eu sei que ainda tenho muito o que aprender. Estou procurando livros a respeito, visito outros blogs e vou começar a ir nas reuniões das famílias. Trocar experiências é essencial, mas é importante que seja com quem vive a mesma coisa, ou então um profissional. Contar tudo o que você vive com alguém que não vive o mesmo que você, pode gerar pena, ressentimento ou julgamentos. E nós já temos problemas suficientes, não é mesmo?
Muitas pessoas se afastaram de mim devido às minhas escolhas. Acham que escolhi mal. Mas como eu poderia abandoná-lo? Só eu sei o quanto eu o amo, e a cumplicidade que compartilhamos. Eu fiz minha escolha, e estou decidida. Agora que ele está em tratamento, vou fazer o mesmo. Reestabelecer limites, para ele e para mim. Me conhecer novamente. Viver a minha vida e depois dividi-la com ele, quando ele estiver pronto. Não mais viver a vida dele.
Aprendi que, a partir do momento em que passamos a nos cuidar, olhar pra nós mesmas, e focar em nossa vida, fica mais fácil fazer escolhas. Cada um sabe de si. Eu continuo acreditando na recuperação dele, e na minha. Tenho muita fé em Deus e sei que Ele fará acontecer o que Ele sabe que é o melhor pra nós. Entrego minha vida e meus problemas nas mãos dEle e descanso nEle.
Fiquem com Deus. Fiquem bem.
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