sábado, 20 de dezembro de 2014

Só por Hoje, funciona!

Olá, olá, olá meus queridos.

Nossa, andei sumida mesmo.

Aconteceram tantas coisas que, tenho que admitir, me faltou muita vontade de vir até aqui e reviver tudo de novo. Mas hoje me sinto disposta a isso, porque hoje estou de bem. Estou de bem comigo mesma.

Minhas aulas já acabaram. Fui aprovada em todas as cadeiras. Numa ainda tive que fazer a prova de substituição. Não entreguei alguns trabalhos. Processos operacionais de produção não me atraem nenhum pouco, mas faz parte do currículo de administração. Então, não tem o que fazer, vamos encarar. 

Enfim, passei e estou de férias.

Por outro lado, tenho trabalhado muito, muito mesmo. O meu emprego tem se mostrado beem trabalhoso e é bem puxado, e estressante muitas vezes. Mas me ajudou muito num período que precisei distrair a mente e os pensamentos.

É pessoal, passei trabalho com meu namorado adicto. Vocês que vem acompanhando meu blog sabem que ele ficou 3 meses internado numa Comunidade Terapêutica. Já fazem quase 5 meses que ele saiu, e ele vem se mantendo limpo a pouco mais de 1 mês. Mas desde que saiu não está em recuperação, como me prometeu.

Logo que ele saiu de lá, recaiu, e não conseguiu se manter muito tempo em serviço nenhum. Eu fui levando. Tive várias recaídas de comportamento também. Deixei de ir nas reuniões. Deixei de incentivá-lo a ir nas reuniões. Não cedi a algumas manipulações ridículas dele, mas cedi a tentação de ajudá-lo. Muitas vezes eles nem precisam pedir, não é?

Mas num certo dia, ele fez uma coisa pra qual não pude fechar os olhos. Ele pegou dinheiro meu, de dentro da minha casa, quando eu não estava em casa, sem a minha permissão. Eu nem sabia que ele sabia onde eu escondia. O que ele fez com o dinheiro? Não sei. Me contou mil histórias. Mas não me importava o que ele tinha feito com o dinheiro, e sim a atitude dele. Como eu poderia permitir que ele entrasse na minha casa de novo? Teria que ficar de olho em cada cômodo que ele fosse? Não deu. Terminei com ele. 

Quando eu soube o que ele tinha feito, passei na casa dele. Ele não estava, óbvio. Deixei uma carta pedindo que ele não me procurasse mais, e que cada um deveria seguir sua vida, que eu não pudia aceitar o que ele tinha feito.

Compartilhei meus sentimentos e dores e angústias com minhas irmãs de recuperação. E com alguns companheiros dele. Recebi muita ajuda, e muito apoio, e muito carinho. Me preparei psicologicamente para vê-lo vivendo na rua, sem nada e sem ninguém. Mas tive que aprender que a dor ensina. E se eu quisesse vê-lo bem algum dia, eu teria que me afastar, pra deixar que ele aprendesse isso também.

Passaram-se inúmeros dias e eu não tive notícias. Eu não o procurei, e ele também não me procurou. Fazia a única coisa que pudia fazer por ele. Orar. Orava por ele todos os dias, e pedia sempre a Deus que se fizesse a Sua perfeita vontade.

Num dia, não aguentei e liguei pra mãe dele, porque eu nem a tinha comunicado que tínhamos terminado, e assumo que queria saber notícias dele. Ela não sabia de nada. E não tinha ouvido falar nada. Sempre que ele anda pelas bocadas de preferência dele, ela acaba sabendo, porque é perto da casa dela. Conversamos bastante, e ela ficou de me avisar caso soubesse de algo. Passaram-se alguns minutos após o término da ligação, e ela me ligou novamente. Mas para minha surpresa, era ele. Ele chorava no telefone, mas eu me mantive firme.

Não sei. Foi muita coincidência. Interpretei como um sinal de que deveria conversar com ele. No outro dia, ele veio aqui em casa, conversamos muito e decidimos voltar, mas não sem antes combinarmos algumas mudanças. Desde então, ele tem se mantido limpo, e está trabalhando. Vai fechar o primeiro mês inteiro no mesmo emprego, desde que saiu da Comunidade.

Ele está bem. Está tranquilo, e continua trabalhando, e temos feitos planos para o Natal e a Virada. Vamos passar o Reveillon na praia com a minha família, e vamos levar a filhotinha dele junto, para conhecer o mar. Estamos muito empolgados.

Queria compartilhar com vocês que, nesse período, aprendi que eles conseguem, sim, se virar sozinhos. Muitas vezes nós, familiares codependentes, é que não deixamos. Ficamos naquela neura de querer controlar tudo e todos, e abraçar os problemas de todo mundo, e achar que é nossa responsabilidade resolver. E aí acabamos exaustas, tristes e desanimadas e querendo colocar a culpa no outro. 

Nós não podemos assumir a responsabilidade que é do outro. Cada um tem a sua. Eu tenho as minhas, e ele tem as dele. Se eles querem ter as coisas, nós não podemos dar. Funciona como educar uma criança. Enquanto os pais dão, a criança não dá o devido valor. Agora, quando a criança cresce e tem que trabalhar e suar pra comprar suas roupas, seus tênis, seu celular da moda, só aí vai dar valor, porque é fruto do seu trabalho. Tudo aquilo que vem fácil, fácil se vai. Eu não posso assumir a responsabilidade de pagar o aluguel dele. Se ele quer ter um teto sobre a cabeça, ele tem que trabalhar pra pagar, se não vai ficar na rua. E nós temos que estar preparados pra deixar. 

Estou indo às reuniões e faço parte de um grupo maravilhoso, em que estão minhas irmãs de recuperação. Elas me dão o ombro pra chorar, aquele abraço maravilhoso pra animar. Aprendo muito com elas. E isso tem me dado forças pra me concentrar na MINHA recuperação. Porque a recuperação DELE depende unicamente dele.

Como falei anteriormente, ele só não está usando nada, mas não está vivendo a recuperação. Ele tem desvios de caráter ainda bem difíceis de lidar, incluindo um orgulho que ele ainda não pode se dar ao luxo de ter. Um exemplo: Muitas vezes acabo indo aos lugares ou eventos sozinha, porque ele diz que não tem um tênis decente pra me acompanhar. Hoje mesmo fui na festa de final de ano, onde se uniram todos os grupos de recuperação e suas famílias. Eu fui, mas ele não quis ir, porque não tinha roupa e nem tênis.

Fiquei muito frustrada e muito triste. Ele não se importou se era importante pra mim ou não. Só pensou nele. Bom, paciência. Ele ficou sozinho em casa, enquanto eu fui lá, revi todo o pessoal que já fez e faz parte da nossa recuperação, e me diverti bastante. Hoje não deixo mais de fazer o que quero por causa dele. Quantas vezes deixei de sair ou fazer algo que queria, ou que precisava, pra ficar colada nele, porque ele pudia sair e fazer besteira. Isso é perda de tempo. Se ele quiser mesmo, na primeira oportunidade ele vai fugir de mim. E o que eu faço com toda a frustração?

Sei que ele não está firme na recuperação. Sei que a qualquer hora ele pode ir atrás de novo. Mas a maior verdade é que se nós, familiares, não estivermos firmes, e bem, e saudáveis, não poderemos fazer nada por eles. Mas a nossa recuperação não é da noite pro dia. É gradativa. Antes eu ia às reuniões apenas pra trocar cartas, quando ele estava internado. Depois que me descobri codependente, eu ia às reuniões para aprender como lidar com ele, ou seja, tenho que estar bem pra poder ajudar ele. Vocês vêem? Ainda era só por ele.

Depois que passamos esse tempo separados, vi a necessidade que eu tinha de cuidar de mim mesma, porque se eu não me cuidasse, ninguém mais cuidaria. Hoje eu vou às reuniões porque gosto, porque me sinto bem, porque compartilho e aprendo, porque desabafo e ali encontro o conforto que meu coração precisa. Vêem a diferença? Não é mais por ele, é pela minha própria qualidade de vida, é por mim.

Continuo orando pelo meu namorado todos os dias, pra que ele se mantenha limpo. Sei que o "Só por hoje" funciona e entrego nas mãos de Deus. Sei que Ele, na sua infinita sabedoria e bondade, vai fazer acontecer o que for melhor pra ele e pra mim.

O que eu desejo pra mim, desejo a todos vocês. Múltiplas 24h.

"Coloco minha mão na sua e uno meu coração ao seu, para que juntos possamos fazer tudo aquilo que sozinho eu não consigo"
Só por hoje
Força!
Fé!

Fiquem com Deus!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vamos aprendendo

Boa noite meus amigos.

Desculpem o sumiço. Muitas coisas acontecendo. 

Algumas boas, outras não tão boas assim.

Estou trabalhando minha paciência, e serenidade, e o fato de que não sou responsável por ele, nem por seus atos, nem por seu destino. Cada um com suas responsabilidades. Parece fácil, mas não é. Mudar é difícil. Aceitar aquilo que não cabe a nós mudar, mais ainda.

Com muito custo e sofrimento, a gente vai percebendo que é o único jeito.

Mas seguimos aprendendo.

Breve voltarei com mais novidades.

Um grande abraço. Fiquem com Deus.

Serenidade pra aceitar.
Coragem pra mudar.



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Só Ele pode!!

Olá meus amigos.

Coisas boas acontecendo. Só tenho a agradecer.

Tomamos uma posição referente a nossas atitudes e percebemos que estava faltando Deus na nossa vida. A gente sempre fala sobre entregar nas mãos de Deus e que se faça a Sua vontade, mas como é difícil entregar de verdade. Ainda mais para nós, codependentes.

Mas nós dois percebemos que, por mais que a gente dissesse que cremos em Deus, não estávamos vivendo conforme Sua vontade, fazendo o que Ele manda, muito menos entregando nas mãos dEle. Era eu tentando sozinha, e ele tentando sozinho. Isso nos cansou exaustivamente, e por mais que estivessemos tentando do nosso modo, claramente não estava dando certo. 

Teve um momento em que juntei minhas coisas e fui embora, pra não voltar mais, depois de ter dado já um gelo de 3 dias. De certo modo foi bom. Ele foi atrás de mim e me implorou pra ficar, porque eu sou a única pessoa que ele tem e que ainda o apoia.

Vi o desespero nos olhos dele. E fiquei.

Então fomos à igreja, e oramos juntos. Oramos juntos todos os dias um pelo outro, e por nós dois...
E realmente entregamos nas mãos de quem pode. Do único que pode.

Não vou enumerar as coisas boas que tem acontecido, mas posso garantir que estão.

Só o fato de ele ir trabalhar e voltar pra casa no fim do dia, já é uma benção enorme. E agradecemos de coração por cada uma delas, por mais insignificantes que possam parecer.

Vivemos momentos de muita turbulência, e agora estamos num momento de paz. As coisas tem dado certo. Não sei quanto tempo vai durar. Ele parece estar focado. Mas eu sei muito bem como essa doença é traiçoeira. Mas estou aproveitando cada momento bom que Deus nos permite.

Por hoje é só. Vou dormir com o coração leve hoje.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Não tropece no trilho!

Olá pessoas que me lêem.

Como estão? Por aqui as coisas vão indo. Altos e baixos.

Temos muitos momentos bons, mas infelizmente momentos de recaída também. Esta semana é uma delas. Ele some, não volta pra casa, liga pedindo dinheiro, mente, essas coisas.

Aprendi a viver a MINHA vida, e a cuidar de mim, e a gostar de mim. Isso pode soar egoísta, mas não é. Se o outro não se importa em passar frio, em passar fome, em dormir na rua, o que eu posso fazer? Ir até a boca e pegar ele pela mãozinha e levar pra casa? Não, ele procurou isso, ele foi atrás, então tem que sofrer as consequências.

Infelizmente são essas as escolhas que ele vem fazendo. Eu sofro com isso, mas tenho tentado manter minha serenidade e me preocupar só com o que posso mudar. Não posso mudar o outro, apenas a mim mesma.

Hoje não perco mais uma noite de sono, porque ele deve estar dormindo num mato por aí.
Hoje não deixo de comer, porque ele não tem o que comer.
Hoje não deixo de ir trabalhar e estudar, porque ele não está em casa, e tenho que ficar em casa esperando por ele.

Eu já fiz tudo isso, sim. E só me fez mal. Emagreci. Acabou com minha saúde. Até nossa beleza a gente perde, porque não se cuida. E olha, caminhei até chegar nesse ponto. Não é da noite pro dia que a gente aceita que tem uma doença também, que o problema não é só o outro, que a gente precisa de ajuda, tanto ou mais que o adicto.

Meus sentimento não mudaram. Continuo amando-o muito, e ainda acredito na sua recuperação. Acredito que vai chegar o dia que ele vai se dar conta de tudo que perdeu e vai querer, de coração, dar a volta por cima e mudar de vida. E sim, me doí muito ver ele fazendo escolhas tão idiotas. Mas eu me amo muito também. Aprendi que eu também sou importante, que eu também preciso de cuidados. E ninguém melhor pra cuidar de mim, do que eu mesma.

Ontem fui na reunião de grupo de ajuda. Depois de quase 3 meses sem ir. Minhas amigas estavam lá. Minhas amigas que me entendem. Eu não estava me sentindo bem, estava enjoada e dor nas costas, mas fui, porque precisava, e lá recebi todo o apoio que estava procurando. Um abraço, uma palavra, às vezes duras, mas necessárias.

É inútil a gente achar que já sabe o suficiente pra lidar com eles. Porque lidar com eles, e com suas manipulações, e com seus pensamentos deturpados e atos insanos, e muitas vezes infantis, não é fácil. Se você estiver disposta a conviver com alguém assim, tem que estar bem ciente que vai precisar de muito auto-controle, e muita serenidade, e muita ajuda.

Eu não tinha percebido a falta que essas reuniões me faziam, até ir de novo. Ouvir as palavras das meninas que passam pelas mesmas coisas e que me entendem. A maioria dos maridos delas estão em recuperação, internados ou já terminaram o tratamento, mas isso não as protege de uma recaída deles, ou recaída de comportamento delas. 

Como o Dr. falou ontem. A dependência química é uma doença de minuto. Só por hoje está bem, até os próximos 5 minutos. E de 5 em 5 minutos, ele vive sua recuperação há 20 anos. Tinha outro presente que vive sua recuperação há 15 anos. Tem outros que vivem há 1 ano. E assim vão indo. 

O dependente químico, assim como o codependente também, tem que estar atento a cada minuto. Um único pensamento pode te tirar do caminho. Ás vezes pensamentos pequenos, podem criar uma tempestade em copo d'água.

"Uma pessoa nunca tropeça no trem, ela tropeça no trilho."

Você que está lendo este blog e está procurando ajuda, a primeira coisa que tem que fazer é procurar um grupo de ajuda voltado à família. Você que está perdido e não sabe o que fazer com seu familiar adicto, procure ajuda primeiro pra você. Se você estiver doente, não tem como ajudá-lo.

Compartilhar suas dores e ouvir as dores que outros compartilham, ajuda muito. Não existe fórmula para tratamento da dependência química, ou da codependência. Mas algumas mudanças de atitude pode fazer muita diferença.

Desejo à todos vocês
Muita serenidade pra aceitar.
E coragem pra mudar.
E sabedoria pra entender o que cabe a nós mudar, ou não.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Tomando as rédeas!!

Olá meus amigos.

Ando meio sumida não é?

Peço que me desculpem, mas é que ando bastante ocupada.

Trabalhando bastante, e estudando bastante, e me preocupando um pouco mais comigo.

Infelizmente não estou conseguindo frequentar o grupo de apoio que estava indo antes, porque é longe e contramão, e devo admitir que dá um pouco de preguiça. Mas as esposas lá do grupo iniciaram um grupo de Whats, e é quase uma reunião diária, onde sempre rola muitas mensagens de auto ajuda e apoio mútuo. É muito bom. São minhas amigas que aprendi a respeitar e amar por suas experiências e palavras sempre cheias de carinho.

Mas como o blog é para compartilhar minhas experiências com meu namorado adicto, vamos falar um pouquinho dele.

Ele passou alguns dias fazendo muita besteira, dormindo na rua. Ele passou fome, frio, se meteu em frias, apanhou. Nem pergunto o que ele faz nesses dias, porque na verdade não quero saber. Os relatos que ouvi da família dele já foram o bastante.

Como estou bastante ocupada com meus próprios assuntos, esse último período não me afetou tanto. Claro, dói, a gente se preocupa, custa a dormir e tal. Mas o que eu poderia fazer? Sair da minha casa ou dos meus compromissos pra ir atrás? Ficar em casa esperando ele voltar, pra evitar que ele saia de novo? Não mesmo. 

Infelizmente, são coisas que ele mesmo escolheu pra ele. Ninguém mandou, ninguém levou, ninguém chamou. Ele foi atrás porque quis. E só posso entregar nas mãos de Deus e deixar que ele resolva sozinho seus problemas. 

Noto uma grande diferença nas minhas reações. Quando que, há alguns meses atrás, eu poderia ficar 3 dias sem notícias, chegar na casa dele e ver que ele não está, e simplesmente ir embora? Graças a Deus e muita ajuda, hoje consigo manter a serenidade, e mudar apenas o que posso. 

Não posso negar que senti muita, mas muita mesmo, vontade de desistir dele. Hoje sei que poderia seguir minha vida sem ele, e não ficaria mal. Mas ainda gosto muito dele, e não tenho como explicar, mas ainda acredito que ele pode mudar, se quiser. Ainda vejo nele esta vontade. Tomara que ele se empenhe mesmo nessa mudança, antes que perca a única pessoa que ainda é por ele, porque até a família dele já desistiu.

Mas há umas 2 semanas pra cá, as coisas tem melhorado um pouco. Começando pela mãe da filha dele. Demos uma trégua em nossas brigas, porque nunca nos suportamos. Mas acho que Deus amoleceu um pouco o coração dela, e ela permitiu que a gente passasse um Domingo com a pequena. Foi um dia muitoo bom.

Demos a sorte que foi justamente no dia que tivemos um evento na igreja, fomos no culto, teve um almoço depois. Minha família estava lá. E foi a primeira vez que meu pessoal o viu desde que saiu da Fazenda. Correu tudo bem. A pequena ficou meio arisca com a gente no início, porque fazia muito tempo mesmo que ela não nos via. Mas com paciência ela se soltou e foi um dia bem bacana.

Semana passada ele foi atrás de um serviço. Ainda não chamaram ele pra começar, mas assim que abrir a vaga, vão chamá-lo. Já está acertado.

Este fim de semana foi muito bom também. Dia 20 de setembro é feriado aqui no RS, então não trabalhei ontem e fomos num aniversário. Churrascada e cervejada, sei que não é o ambiente para ele, mas era aniversário de alguém muito especial pra mim, e ele foi comigo mesmo assim. Mas se comportou muito bem. Ofereceram bebida pra ele, e ele se manteve só no refrigerante. Conversou normalmente com as pessoas, e aos outros pode parecer tão pouco, mas só isso já é um grande passo para ele. À noite, fomos num culto gaudério num CTG, e teve jantar campeiro e um baile gauchesco depois. Minha família toda estava lá. Ficamos um pouco isolados deles, mas não fez diferença nenhuma. Nos divertimos bastante. 

Meu pai permitiu que ele passasse a noite na nossa casa, o que já é outro grande passo. Fiquei muito feliz e aproveitei muito cada momento. 

Não sei o que esperar dessa semana que vem por aí. Mas acho que aprendi a não ter muitas esperanças de que tudo vai mudar, e tudo vai começar a dar certo, e tudo vai entrar no eixos de novo. Ele me pede desculpas, diz que sabe que está ratiando, e que vai mudar, que não quer me perder nunca. Mas sei lá. Procuro manter os pés no chão. Sei como ele é, e sei como ele pode ser.

Estou tentando me desligar um pouco dos assuntos e dos problemas dele e me preocupar um pouco mais com os meus. Levei um susto nestes últimos dias, porque descobri que tenho um cisto no meu punho direito. Tive que fazer alguns exames e ir ao médico, e quase corri o risco de não passar no exame admissional por causa disso. Pensei que teria que operar às pressas. Mas não. É um problema que tenho que resolver, porque me incomoda, e dói, mas fui considerada apta para trabalhar. Não me impede. Que alívio. 

Bom pessoal, de novidade acho que é isso. 

Vou vivendo dia após dia, tentando manter minhas serenidade diante daquilo que não posso mudar. É difícil, mas o desligamento emocional ajuda muito. É como uma mãe que tem que se desligar e deixar seu filho crescer. Tem que deixar que ele ande com as próprias pernas, que ele aprenda sozinho, mesmo que tenha que sofrer para aprender. Eu sei que outra, no meu lugar, já teria desistido dele, porque não sou apenas namorada dele há muito tempo. Mas vivo aquilo que escolhi, e não posso culpá-lo por minhas próprias escolhas.

Minha família não se envolve muito. Alguns amigos me perguntam por que eu não o deixo. Não tem como explicar até que se passa pelo mesmo. Sei que existem mil razões para que eu desista, mas eu sempre encontro um motivo que me faz continuar. 

Já estava sentindo falta de compartilhar aqui. Não compartilho meus pensamentos achando que vou mudar a cabeça de pessoas que pensam diferentemente, e sim para mostrar às pessoas que já pensam como eu que elas não estão sozinhas. 

A maior lição que aprendi foi que, cuidando de mim mesma, não sobra muito tempo para me preocupar tanto com ele. 

Quem ama cuida. Eu cuido, e zelo, e oro por ele, mas não tomo mais as rédeas da vida dele, estou ocupada segurando as minhas.

Serenidade para aceitar.
Coragem para mudar.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

domingo, 7 de setembro de 2014

Só por hoje, tudo em paz!

Olá amigos.

Passei para dar notícias.

Passamos por dias bem tempestuosos aqui.

Ele sumiu por alguns dias, se meteu em muita encrenca, quase foi morto. Acredito que Deus desviou algumas balas, que não o atingiram.

Hoje ele já está em casa, graças a Deus, são e salvo. Parece que as experiências dessa semana lhe deram um baita susto. Não sei. 

Oro todos os dias pela sua alma e sua recuperação. Mas agora depende unicamente dele. Estou esgotada.

Ele diz que AGORA SIM vai dar um jeito na sua vida. Mas quantas vezes já ouvi esse discurso.

Bom, esperar para ver,

O nosso sábado foi muito agradável, cheio de mimos da parte dele. Cheio de promessas, também, que entrego nas mãos de Deus.

Um dia de cada vez. Só por hoje, tudo em paz.

Fiquem com Deus.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Só por hoje!!


Mais horas da minha vida perdida, esperando por ele.

Mais uma noite sem saber por onde ele anda.

Mais um emprego perdido.

Mais mentiras. 

Mais uma vez ela venceu.

Mas só por hoje eu vou jantar, mesmo sabendo que ele não comeu o dia todo.

Só por hoje eu vou brincar com meu sobrinho quando ele me pede pra jogar bola com ele.

Só por hoje eu vou sentar e conversar com meus pais, nem que seja pra discutir o que está passando na TV.

Só por hoje eu vou deitar e dormir na minha cama quentinha, mesmo sabendo que ele está na rua, com esse frio. 

E amanhã vou levantar e trabalhar, mesmo com os olhos inchados, porque é bom, e é preciso.

Só por hoje, eu vou continuar acreditando que sua recuperação é possível, se ele quiser e buscar por ela. Mas enquanto ele não quer, eu vou vivendo minha vida, trabalhando e estudando. Se ele não quer me acompanhar, eu não posso fazer nada a respeito, e também não sou culpada.

Só por hoje, eu vou confiar que Deus governa nossas vidas, e tem o melhor pra mim!

Só por hoje!
Serenidade pra aceitar.
Coragem pra mudar.
Só por hoje! 

domingo, 24 de agosto de 2014

Os cinco segredos

Olá companheiro(a)s.

Os dias vão passando relativamente bem por aqui. No meu último post comentei que meu namorado teve uma recaída, mas graças a Deus foi coisa leve, e ele se reergueu rapidamente.

Voltou a trabalhar no outro dia e tem se mantido calmo e até de bom humor. 

Não sei por onde ele andou naquele dia, mas pegou uma alergia nas pernas que tem lhe dado muita coceira. Consequências. É bom que lide com elas.

Continuamos juntos, vivendo um dia de cada vez. Só por hoje ele está bem e limpo, há 3 dias.

Agora ele está ali do lado, bem curioso pra ver o que estou escrevendo aqui... hehe. E fez um almoço M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O pra nós dois. Ficou MUITO BOM mesmo.

Repasso aqui um post da Polly que me ajudou muito nestes dias. Quando eles estão nessa situação de uso, o nosso primeiro pensamento e impulso é controlar cada hora do seu dia e fazer o que for pra impedi-los de usar. Mas não cabe a nós fazer isso. Infelizmente somos impotentes a essa doença deles. Cabe a eles mesmos decidir o que fazer de sua vida. 

Segue o link. Espero que ajude vocês, como me ajudou:

http://amandoumdependentequimico.blogspot.com.br/2014/08/os-cinco-segredos.html

Fiquem com Deus.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Hoje ela venceu!

Oi amigos e queridos que me acompanham.

Infelizmente, hoje ela venceu!

Ele não conseguiu segurar a compulsão e foi atrás dela. Me deixou na estação ontem e não conseguiu voltar pra casa, porque, afinal, estava uma noite tão gostosa para se estar na rua.

Não voltou pra casa e não atendeu mais o telefone. Hoje o dia inteiro na caixa postal. Me ligou a cobrar de um orelhão, 8h da noite porque não tinha mais dinheiro pra voltar pra casa. 

Gastou todo o dinheiro que recebeu de passagem para ir trabalhar. E também não foi trabalhar no seu terceiro dia no emprego novo.

Tive que desembolsar um dinheiro que nem tinha pra pegar de volta o celular que nem meu era, e tinha emprestado até ele comprar um.

Hoje não posso dizer que vou dormir tranquila.

Hoje não posso dizer que está tudo bem.

Hoje não posso dizer que ele está limpo há 107 dias.

Hoje não posso dizer que ele é forte e que acredito nele.

Hoje estou sem forças e muito, muito triste.

Agora que passou o efeito da droga, ele entrou na fase da depressão e da culpa. Queria terminar, porque não mereço sofrer por causa dele.

Eu ainda não tinha chegado ao ponto de concordar. Mas concordei. Eu não mereço sofrer assim. Eu faço tudo que posso e só levo na cara. Se eu não tivesse dado mais uma força, agora ele estaria na rua. Sem um teto, sem emprego, sem ninguém por ele, sem lugar pra voltar.

De repente é isso que está faltando para ele tomar uma decisão definitiva.

Deixei bem claro que realmente não queria mais isso pra mim, que ele pudia fazer o que quisesse, que não posso mais fazer nada por ele, que eu joguei a toalha. Porque se é essa vida que ele quer, ficar na rua, sem nada, se drogando, eu não posso fazer nada. E não vou acompanhá-lo neste caminho.Tenho minha consciência tranquila de que fiz tudo que pude. 

A ÚNICA coisa que ele precisava fazer era trabalhar e voltar pra casa. Trabalhar e voltar pra casa. Mas ele só conseguiu fazer isso por 2 dias.

Estou muito cansada. Pensei que ele estava disposto a lutar comigo. Não quero mais lutar sozinha.

Não vou tomar nenhuma decisão de cabeça quente. No fim ele me pediu mais uma oportunidade. Que ele vai trabalhar e vai me ajudar. Se ele conseguir, ótimo. Mas não conto muito com isso. Já lavei minhas mãos.

Fiquem com Deus meus amigos. Só Ele pra nos dar força agora!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Foi um bom fim de semana.

Olá meus amigos!

Finalmente consegui parar um pouquinho para atualizar aqui.

Por aqui está tudo bem, graças a Deus. Tive dias bem complicados, porque voltei a trabalhar, e estudar, e o meu namorado voltou pra casa, tudo ao mesmo tempo. Mas Deus tem me dado forças pra fazer tudo que preciso fazer.

O trabalho vai indo bem. Cada dia aprendo uma coisa nova. Meus colegas são bem bacanas. Um ambiente muito bom. Bastante serviço. As horas passam muito rápido.

As aulas também tem me tomado bastante tempo. Cada semestre a dificuldade aumenta. Os professores já passaram trabalhos na primeira semana.

E o amor continua limpo, só por hoje, há 102 dias. Teve algumas dificuldades, alguns desvios de atitude, mas não caiu nas garras das drogas de novo. Ele brigou feio com o pai dele, e aí saiu da casa deles. Passou alguns dias na casa de um amigo, e agora está morando bem pertinho de mim. Alugou um Kitnet mobiliado há apenas 2 estações de distância. Já começa a trabalhar esta semana.

Eu fiquei com muito medo quando ele saiu da Comunidade, e agora saiu da casa dos pais e está morando sozinho, mas até que vai indo bem. Está bem tranquilo, continua tomando a medicação.

Ele me diz que dessa vez as coisas vão dar certo. Que agora que ele se viu na pressão, que não tem mais ninguém por ele, que vai dar um jeito na vida. Eu, na verdade, não sei o que pensar. Acho que não penso nada. Ele já me prometeu tantas coisas antes.

Eu quero muito que ele se ajeite, e siga um caminho bom. Eu ainda acredito que ele consegue. Mas não espero nada dele, no momento. Não quero criar falsas esperanças, e depois me decepcionar. Então, o que vier, é lucro, não é?

Às vezes eu falo coisas pra ele, e ele fica sentido, como se eu tivesse jogando coisas na cara dele. Mas não é jogar na cara. É que preciso que ele saiba como as coisas estão. Preciso que ele saiba as consequências que os erros dele trouxeram pra nós, não só em questões financeiras, mas psicológicas também. Não dá pra fugir disso. Não vou esconder as coisas, ou fingir que não existem, só para ele se sentir bem. E eu? Vou ter que resolver tudo sozinha? Não é bem assim.

Bom, enquanto ele retoma as rédeas de sua vida, eu venho tentando manter minhas serenidade. Me seguro pra não ficar muito encima, e ligando, porque sei que ele deve fazer as próprias escolhas, e andar com as próprias pernas. Eu não sou mãe dele. É difícil, porque não confio. Mas vamos indo, um dia de cada vez.

Ele está, aparentemente, bem. Tivemos um fim de semana super tranquilo. Aquela coisa de filme, pipoca e descansar. Conversamos bastante. Foi muito bom.

Num momento, ele recebeu a ligação de um companheiro la da Comunidade, que também saiu essa semana. Ele contou de mais uns 3 que desistiram. É triste, porque lá é um lugar tão bom, que oferece tudo que eles precisam, e vai saber agora pra que vida eles vão voltar. 

Esses dias meu namorado encontrou na rua um amigo e companheiro dele de lá também, bem tarde da noite já, na rua. Eu estava lá na graduação dele. A esposa dele falou e agradeceu, emocionada. A mãe dele também. Ele estava bem. Mas não se passaram 2 meses e ele já estava na rua de novo, duro de cocaína. Fiquei pensando na decepção dessas duas. Passar por todo o processo, os 9 meses, toda a esperança renovada, e ver o seu ente querido caído de novo, é pior que levar um tapa na cara.

A droga é muito traiçoeira. Quando você menos espera, ela te tenta, e se o cara não estiver focado, ou estiver meio desligado, ela vai te alcançar.

Por isso que a decisão de se manter limpo, deve ser tomada diariamente. Viver o "Só por hoje". Infelizmente, as estatísticas esfregam na nossa cara, que são poucos que conseguem. 

Mas apesar de tudo que tem acontecido em nossa vida, eu acredito num Deus que ama os seus filhos, e só quer nosso bem. Acredito que muitas vezes as dificuldades vem como uma oportunidade de nos fazer crescer e nos tornar pessoas melhores. Das escolhas que ele vai fazer ou não pra vida dele, eu não sei. Só sei o que eu vou fazer da minha. 

Que Deus dê sempre a vocês a força que precisam. Porque quando tudo mais faltar, podemos ter certeza que Ele nunca falta.

Um grande abraço. Fiquem bem.

domingo, 10 de agosto de 2014

Retificando...

Vou ter que retificar o que escrevi abaixo.

Ele me ligou mais cedo, alguns minutos depois que postei aqui. 

Disse que estava na casa de um amigo nosso, um casal muito querido, que sempre nos apoiou, principalmente a ele. 

E que caiu na real que, se ele não fizer por ele, ninguém mais vai fazer. Ele não pode contar com mais ninguém. Só Deus.

Ele está bem, graças a Deus. E disse que vai trabalhar, e vai dar duro pra recomeçar sua vida. 

Obviamente, estou muito mais tranquila. Mas não sei o que esperar. Na verdade, acho que não espero nada. Só o tempo mesmo vai dizer agora.

O culto estava maravilhoso. Escutei uma mensagem linda de como Deus nos ama e não nos abandona. E como devemos ser humildes, e admitir que sem Ele, não podemos nada, pelo menos nada que seja bom e verdadeiro. 

Vou dormir tranquila hoje. Fiquem com Deus e boa semana.


Só Deus....

Que dia difícil.

Hoje é Dia dos Pais. Acordei com uma baita dor de cabeça, mas dei um abraço no meu pai, mesmo tendo discutido feio com ele no dia anterior.

Quando ele soube que meu namorado saiu da internação, queria que eu terminasse com ele. O que não fiz, obviamente. Não vou entrar em detalhes do que foi dito. Mas ficamos chateados um com o outro.

Do meu namorado, não sei o paradeiro. Ele brigou com o pai dele ontem, o único lugar que ele tinha para ficar, e teve que sair de lá. Eu presenciei tudo. Foi feio. Os irmãos dele não quiseram deixar ele ficar na casa deles, porque também não confiam. 

Não sei pra onde ele foi. Não sei onde ele está. Não sei se conseguiu um lugar pra passar a noite, ou teve que ficar pela rua.

A mãe dele também está desesperada.

Ele prometeu pra mim que ia começar a trabalhar pra gente poder começar nossa vida. Ele ia começar já esta semana. Mas agora não sei.

Ainda emprestei meu celular pra ele, pra poder manter contato, mas só cai na caixa postal. Acho que perdi mais um aparelho. Consegui falar com ele quando cheguei em casa, mas depois, nada. E hoje, nada.

Estou tentando manter minha serenidade, e entregar a vida dele nas mãos de Deus. 

Até ele entrar em contato, não sei o que pensar. Ele estava bastante abalado, mas levou os remédios dele com ele. Conversamos bastante antes de eu vir pra minha casa. Mas não posso dizer com certeza o que se passa pela cabeça dele.

Agora fico nessa espera agoniante. Mas não posso fazer nada a respeito. 

Amanhã ele deveria passar na casa da irmã dele, porque o cunhado dele conseguiu um serviço pra ele. Ele disse que ia. Espero que vá.

Hoje passei o dia com meu pai, meu avô, e minha família. Hoje a noite vou a igreja. Só Deus pra me dar forças pra suportar mais um dia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

90 dias

Olá meus queridos.

Vocês devem estar esperando notícias de como vamos indo.

O que posso dizer? Vivendo um dia de cada vez. Só por hoje, cada um lutando contra sua doença.

Ele lutando contra a vontade de usar, o que tem todos os dias.

Eu lutando contra minha vontade de controlar a vida dele, e fazer as coisas por ele, o que também tenho todos os dias.

Eu venho tentando fazer a minha parte. Deixando ele tomar decisões, e fazer as coisas do jeito que ele acha melhor. Vou trabalhar, e vou pra aula, cumpro meus horários, e me concentro no que estou fazendo. 

Não posso ver ele todos os dias, porque ainda não somos casados. Mas nos falamos sempre que dá.

Domingo passamos o dia juntos. Ele está bem calmo e tranquilo. Fez até pão caseiro pro café. Ficou delicioso.

Tenho que me controlar para não cair na tentação de ligar pra ele a toda hora, e saber o que ele está fazendo, e dar todas as coordenadas que ele deve seguir durante o dia, afinal, não sou mãe dele.

É difícil não ter um plano. É difícil viver o "dia após o outro". Como uma amiga disse: Como não fazer planos com alguém que você quer dividir sua vida? Ainda não descobri como se faz.

Na verdade, ainda me sinto bem perdida. Nem contei ainda pro pessoal aqui de casa. Até já sei o que vão dizer e o que vão pensar. E não estou querendo ouvir nada disso. Não preciso que me digam que ele é fraco. Não preciso que me digam que agora ele vai recair. Não preciso que me digam que não devo ficar com ele.

Esses são os maiores medos do meu coração, e ouvir alguém dizer isso em voz alta, parte meu coração. Porque não sei como as coisas serão daqui pra frente. Minha família julga muito rápido. E sei que não gostam dele. Conheço a opinião deles. E não quero ter que entrar em conflito, quando eu mesma não estou segura de nada.

Ele está procurando um emprego, e vejo que está bem empenhado nisso. Amanhã vamos juntos na reunião do grupo. Ele na salinha dos rapazes, e eu na salinha da família. Ele não quer abandonar o tratamento. Só não quer ficar preso. Ele quer trabalhar. Ele quer mudar de vida. Ele quer um futuro pra nós dois. Mas essa escolha ele tem que fazer diariamente.

No momento, não espero nada dele. Não quero me decepcionar de novo. Desse modo, tudo que ele fizer, me surpreende. Ele vem se mantendo limpo há 90 dias.

E assim vamos indo. Indo um dia após o outro. Só por hoje mantendo nossa serenidade e nossa fé inabalável no Senhor Jesus. Só Ele pode nos dar forças neste momento tão complicado.

Que Ele dê forças a todos vocês que acompanham este blog também.

Beijos

domingo, 3 de agosto de 2014

Só por hoje!

Hoje é dia 03 de agosto, domingo, 06:00.

Ontem, sábado, ele abandonou o tratamento. Ele não aguentou ficar inclausurado e foi embora da Comunidade.

Hoje de madrugada, cheguei de uma festa de Bodas de Prata de um casal muito querido, e vi a mensagem que ele deixou no meu celular, pedindo para eu ligar pra ele, que ele estava em casa.

Ele já queria conversar e decidir coisas pelo telefone. Queria que eu fosse logo de manhã na casa dele. Queria dizer que não frequentará minha casa.

Pela primeira vez eu disse que não poderia conversar com ele naquele momento. Que precisava dormir. Ele ficou brabo, porque não entendeu, achou estranho, sei lá.

Falei novamente que tinha muitas coisas que eu queria dizer, mas não ia dizer, porque precisava de um tempo para assimilar, e depois conversava. Acho que entendeu, porque se acalmou.

Estou totalmente perdida, porque todos meus planos foram por água abaixo.

Não confio nele. Não acredito nele.

Mas... só por hoje, vou me lembrar que não existe fórmula para o tratamento.
Só por hoje, vou dormir e deixar as decisões para o outro dia, com a cabeça fria.
Só por hoje, vou entregar minha vida nas mãos de Deus, porque só Ele sabe o que é melhor para nós.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

3ª visita

Nooossaaa... quanto tempo eu não passava por aqui.

Tenho andado bastante ocupada, graças a Deus. Fazendo boas vendas, visitando amigos, arrumando a casa, indo às reuniões do grupo de ajuda, e visitando o amor. 

É, este último sábado foi a 3º visita. Nossa, que dia maravilhoso. Nas duas últimas estava frio e chuvendo, e desta vez estava um dia gostoso, daqueles de ficar lagarteando no sol comendo bergamota. Pudemos passear por todo o lado, e conversar bastante. E o melhor foi a minha sogrinha ter nos dado 2 horinhas sozinhos. Ela teve que ir embora mais cedo. hehe

Bom, ele está indo bem. Ele recebeu um castigo por ter usado o telefone, quando não pudia. Para quem não se lembra, entrou um residente novo lá e levou um celular escondido no calçado. Estavam os dois na estufa, que fica bem distante e este senhor mostrou o celular que carregava, e meu namorado, que já está lá há quase 3 meses, ao invés de informar ao superior, não se segurou e usou o celular. Mesmo eu xingando para ele não fazer isso, ele me ligou 2 vezes. Mas como era a cobrar, logo meus créditos acabaram e eu não coloquei mais, justamente para ele não poder ligar mais. Mas ele tentou, mais umas 10 vezes. 

Resultado: Mandaram ele abrir uma vala pra cada ligação que fez. E ainda tem que aguentar as piadinhas dos outros. Mas pelo menos admitiu que fez. Só isso já é uma grande mudança. Ele nunca assumia a culpa de nada.

Uma hora, na visita, o supervisor e o psicólogo nos chamaram para conversar. Eles perguntaram pra ele, o que o levou a pegar o celular e me ligar, afinal, ele sabe que o contato é apenas por carta e que eu estou ali, apoiando ele sempre. Ele respondeu que não resistiu ao impulso de falar comigo. 

Eles, então, fizeram a analogia com a droga. O que ele faria se fosse a droga e não o celular? Claro que ele pensou que um celular não causaria tanto dano, mas prova que ele ainda não consegue resistir aos impulsos. Hoje foi o celular, mas aqui fora, pode ser a droga. 

Nos disseram que ele ainda está demorando um pouco para aterrissar no tratamento. É compreensível porque ele sofre de depressão, há muitos anos, e ainda está se adaptando à medicação. Mês passado aumentaram a dose, este mês já diminuíram de novo. E ele ainda se vê muito fechado, às vezes quer ficar isolado, não compartilha os sentimentos. Mas apesar disso, ele já se encontra muito menos ansioso e nervoso, e consegue se concentrar melhor nas tarefas propostas.

Ele falou pra mim que a pior parte da droga, é quando tu para de usar. Porque enquanto tu está usando, tu não tá nem aí. Tu não te importa com o que os outros pensam, não se importa com o que os outros sofrem, tu só tem uma pequena noção do mal que ta fazendo pra si mesmo e tudo que está perdendo, tu vira uma pessoa quase sem sentimentos. Quando o cara pára, aí é que são elas.

Aí que começa a perceber tudo que fez pra si mesmo e para os outros. E aí vem a culpa, depressão, sentimentos negativos. E aprender a lidar com esses sentimentos não é fácil.

Mas fico muito feliz que ele esteja lá. Ele tem muita vontade de vir embora, é claro, mas ele sabe que tem que ficar. Ele sabe que precisa, e vai ficando. Ele está lá há 82 dias. Dia 07 de agosto ele completa 3 meses de internação.

Nas reuniões, a gente tem aprendido que na vida de um adicto ou dos familiares de adictos, e também dos codependentes, não existe a palavra "NUNCA". Existe, sim, a palavra "AINDA". 

Conheci dependentes químicos em recuperação que vem se mantendo limpos há 16 anos. Mas outros que recaíram depois de 10 anos. Isso só prova como essa doença jamais pode ser menosprezada.

A recuperação dos dependentes e dos codependentes deve ser vivida todos os dias. Só por hoje, vou me manter limpo. Só por hoje, vou viver minha vida e deixar que ele viva a dele.

Nós, familiares, não podemos esperar que a Comunidade Terapêutica nos entregue um anjinho de volta. É uma doença que não tem cura. Nós não podemos criar a esperança de que ele jamais vai voltar a usar a droga. Tudo que podemos fazer é orar por eles, e viver a nossa própria vida de maneira em que, se ele cair, a gente não caia junto. 

O próximo mês terá 5 semanas. A próxima visita demorará um pouquinho mais a chegar. Mas estou me mantendo bem aqui, de verdade. Estou indo às reuniões toda semana. Hoje mesmo recomeçam minhas aulas, e espero que volte a trabalhar em breve.

Ele mesmo está estranhando minha mudança, que eu mesma não tinha percebido. Ele disse que parece que eu to indo muito bem sozinha aqui, e senti o ciúme na voz dele. É bom, de certo modo. Ele está bem ciente dos limites que defini pra nós dois. Ele sabe que se desistir do tratamento, nenhum dos nossos objetivos serão alcançados. 

Não tenho certeza se ele leva muito a sério a minha palavra, afinal, tantas vezes que eu disse uma coisa e acabei cedendo. Mas suspeito que ele não vai querer pagar pra ver.

Ainda tenho minhas recaídas. Ás vezes as lembranças ruins insistem em aflorar, mas tento controlar esses pensamento ruins que só me deixam pra baixo e deprimida. É, não é fácil. Mas aos pouquinhos vamos indo. Um dia de cada vez.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

sábado, 19 de julho de 2014

Você só tem uma vida!!

Olá queridos.

Estive pensando sobre essa doença: Codependência.

Será que ela existe apenas em familiares de dependentes químicos??

Será que pessoas que se dizem "comuns", não viveram, em algum momento de suas vidas, uma relação afetiva codependente??

Não sou muito de novela. Sinceramente não acompanhei a novela global Em Família. Mas de vez em quando dava uma olhada em tabloides e comentários a respeito. Como hoje era o último capítulo, me dignei a ver. 

Em relação aos personagens: Como classificar a relação do Laerte com as suas mulheres? Principalmente em relação à Helena e a Luiza? E de algumas delas em relação a ele? Como a Shirley e a Livia, que acabou atirando nele?

O que são essas relações, senão uma dependência de um em relação ao outro? E existia a droga ali? Não.

Até que ponto uma relação de entrega total passa do amor à doença?

Eu já me apaixonei muitas vezes na minha vida. Eu sempre vivi de amor. E adoecia por ele. E quando eu me apaixonava, era aquele romance, aquele sonho, aquela entrega. Eu vivia a pessoa, eu respirava a pessoa, eu só queria agradar, às vezes fingia ser quem não era, só porque sabia que era aquilo que a pessoa gostava. E aí chega a hora que, depois de tanto dar, a gente começa a querer receber de volta. Então vem as decepções.

Hoje me pergunto: Porque eu fazia isso? Porque eu permiti que o outro viesse sempre antes de mim?

Detalhe: estou falando de todas as minhas relações. Não só a minha atual.

É claro que quando temos um dependente químico dentro de casa, toda a família adoece. O que nos leva a fazer isso, é óbvio. Queremos fazer com que o nosso familiar largue as drogas. 

E o que leva uma pessoa a querer tirar a própria vida porque o amado não a quer?

Indo mais adiante nesse pensamento: O que leva uma pessoa a começar a fumar?

O que leva uma pessoa a começar a beber?

O que leva uma pessoa a comer descontroladamente? Ou não comer?

O que leva uma pessoa a passar o dia inteiro na internet, nas redes sociais?

O que leva uma pessoa a acumular objetos e mais objetos, sem ter dinheiro pra comprar ou lugar pra guardar?

O que leva uma pessoa a tirar as tais selfies, principalmente as meninas, com roupa curta e apertada, mostrando os peitos e o que mais quiser?

Uma palavra responde a todas essas perguntas: O vazio.

O vazio da criança que cresceu sem o amor dos pais. O vazio do adolescente que sofreu bullying. O vazio da esposa que perdeu o marido. O vazio das relações por aparência. O vazio daquele que quer ser aceito. O vazio que nos faz buscar incansavelmente algo que o preencha. 

Alguns o preenchem com as drogas, outros com outra pessoa, outros com um celular, outros com objetos, outros perdem o respeito por si mesmas e se expõe porque o corpo bonito é a única coisa que tem a oferecer.

Eu não posso julgar, porque eu mesma estou doente. E também, eu não vivi a vida do outro. Eu não pago as contas do outro. Eu não sei dos problemas do outro. Que direito eu tenho de julgar?

Mas mesmo assim, tantas pessoas ainda julgam nossa situação. Essa semana mesmo estava comentando com minha irmã a respeito de um amigo, com quem tive uma breve relação, há muito tempo atrás, mas que também se envolveu com drogas, bem depois, e que agora voltei a manter contato, muito por acaso. E a primeira coisa que ela me perguntou: Outro drogado??

Não. Não é outro drogado. É uma pessoa. Que teve uma história. Que sofreu. Que cometeu erros. Que fez más escolhas. Mas que hoje está bem. Trabalhando e levando sua vida. E é um ser humano. Isso me deixa indignada.

O que quero dizer, com essa reflexão, é que para ser dependente ou codependente, não precisa ter, necessariamente, relação com as drogas. Ao meu ver, isso vem de dentro, de cada um de nós.

E o tratamento é o mesmo. Temos que deixar de depositar nossas esperanças e sonhos, e expectativas, e principalmente, a nossa felicidade em outra pessoa, ou em qualquer outra coisa. Depositar essa responsabilidade no outro, não é justo, para nenhum lado.

Ninguém mais, além de nós mesmos, é responsável por fazer nossa vida valer a pena. Tem aquela frase: Não procure alguém que te complete. Complete a você mesmo, e procure alguém que te transborde. 

Você, que está passando por qualquer uma dessas situações, dê uma chance a si mesmo. Se valorize. Diga o que você quer dizer. Não diga sim, querendo dizer não. Se respeite. Respeite seus limites. Não fique com ninguém por pena.

Saiba que se você não cuida de si, não pode esperar que o outro cuide. Se você não se ama, não pode esperar que o outro ame. Se você não vai em busca de sua própria felicidade, não pode esperar que o outro a traga pra você.

Essa semana tive a oportunidade de me manter firme. Entrou um guri novo na Comunidade Terapêutica, e ele conseguiu levar um celular lá pra dentro. Estava ele e meu namorado na estufa, que fica bem isolada, e ele mostrou o celular. Meu namorado não se aguentou e me ligou. Quando meu celular tocou, eu não reconheci o número, mas eu senti que era ele. Era a cobrar, e eu retornei, o que normalmente não faço. Quando ouvi a voz dele, meu coração gelou. Quando me lembrei como se respira, eu consegui dizer alô. Só depois que compreendi que ele ainda estava lá, é que consegui conversar por alguns instantes.

Eu disse: Tu é louco? Vão te ver com esse celular e vão te dar um castigo.
E ele: Não me importa. Eu corro qualquer risco pra falar contigo.
E eu disse: Ah, agora você corre?
Meu crédito estava no fim, então eu avisei ele que a qualquer momento a ligação poderia cair. 
E aí ele me disse: Então tu vai lá agora e coloca mais crédito.
E eu disse: Não. Porque você não pode ficar me ligando. Tá errado.
E ele ficou brabo e disse: Vai lá e coloca que eu vou te ligar de novo depois.

E eu não coloquei. E na carta dele essa semana ele falou que encontraram o celular e descobriram que ele tinha me ligado. Não me disse o que aconteceu, só me garantiu que já estava tudo bem.

Esse pequeno passo me deixou orgulhosa de mim. Entendem? Eu queria dizer não, e eu disse não. Eu não fui cúmplice daquele pequeno erro. Não é porque ninguém iria ver, que pode. Não pode. E ele tem que aprender isso, e que se ele quiser errar, vai fazer isso sozinho, e vai sofrer as consequencias por isso.

E fora isso, estou conseguindo tomar minhas decisões, por mim, e estou tranquila em relação a elas. Tranquila em relação às minhas atitudes que, aos poucos, estou conseguindo modificar. 

Sei que ele está bem lá. Ele continua internado, há 73 dias, e só por hoje, pretende continuar assim.

Não se esqueça, meu amigo e minha amiga, você só tem uma vida. O que você vai fazer com ela?

Para refletir.

Desejo a vocês muita serenidade, para aceitar aquilo que não pode ser modificado. Coragem para modificar aquilo que pode. E muita sabedoria para distingui-las. Também muita paz de espírito, e tranquilidade. Que vocês encontrem seu caminho, que é só seu. Outro podem acompanhar, mas a jornada é sua.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.