sexta-feira, 23 de maio de 2014

Limites

Bom dia pessoal.

Hoje são 07h15min do dia 23 de maio de 2014.

Ontem a noite, estávamos conversando aqui em casa. Meu pai, muito preocupado ainda com minha situação, me perguntou se eu teria algum limite para esse "problema" dele, ou eu continuaria com isso, custe o que custasse.

Eu respondi na hora que eu tinha, sim, meus limites, mas que não queria precisar chegar neles.

Ele continuou dizendo que, quando eu percebesse que cheguei no meu limite, que eu não teria que ter vergonha de dizer, e que não importaria onde eu estivesse, que eu sempre teria pra onde voltar.

É, tenho que assumir que as lágrimas rolaram. Eu sei que meus pais me amam muito e que não medem esforços. Mas também sei que eles não entendem meu lado. Eles só vêem que eu decidi ficar com um cara doente, irresponsável, potencialmente perigoso e que, muito provavelmente, vai me fazer sofrer. Eles não entendem a doença dele, nem a minha. Eles nunca passaram por isso.

Mas agora, na madrugada, refletindo, fiquei pensando: Quais são os meus limites? Como saber que cheguei neles? E o que fazer quando chegar neles?

Agora o meu namorado está internado, e graças a Deus, está limpo há 17 dias. Ele se adaptou muito bem por lá, e segue com bastante desejo de mudar.

Acho que esse é um dos maiores motivos que ainda permaneço com ele. Eu via nele a vontade de mudar. Eu via que ele não estava satisfeito com a vida dele. Eu via suas tentativas. Mas também via suas recaídas. Que jornada difícil.

Me lembro claramente as vezes em que passava o dia inteiro na casa da mãe dele, esperando por ele, às vezes com ela, às vezes sozinha. Horas e horas, esperando ele voltar pra casa. E quando ele chegava com uma desculpa mais esfarrapada que a outra, eu nem sabia como agir. Às vezes só chorava, às vezes só brigava.

Mas aí, eu descobri que era codependente, e que ficar esperando ele, não ia resolver nada. Ele ia chegar quando quisesse. Eu só estava perdendo tempo de fazer as minhas coisas. 

Me lembro a primeira vez em que ele chegou, e eu não estava lá. Ele me ligou totalmente surpreso querendo saber porque eu já tinha ido embora, isso depois de 4h esperando. Depois disso, nunca mais esperei. Juntava minhas coisas e voltava pra minha casa.

Eu já fui muito inconsequente. Já deixei ele fumar maconha na minha frente, porque ele disse que ia ficar "mais tranquilo". Adiantou? Assim que pôde, ele foi atrás da cocaína.

Eu, sinceramente, ainda não sei quais são meus limites. Eu vejo histórias de outras namoradas e esposas que aguentam tanta coisa. E mesmo que elas passem por momentos tão parecidos, a gente nunca sabe como será nossa reação, a não ser quando acontece com a gente mesmo.

Eu só sei que não quero mais conviver com a droga. Com a doença sim, porque se quero ficar com ele, tenho que aceitá-lo como ele é, com seus defeitos e qualidades, com suas limitações, e com sua doença. Mas com a droga não.

Eu acredito na recuperação dele. Eu acredito no nosso amor. Eu acredito que é possível um dependente químico querer parar. 

E eu acredito em mim. Eu acredito que posso viver a MINHA vida, independente das escolhas dele.

Sei que hoje, estou tranquila. Do amanhã, Deus cuida.

Beijos! 

2 comentários:

  1. Também me questiono , quais são meus limetes...
    Nesses 6 meses que estamos juntos , ele recaiu 4 vezes , desde o primeiro encontro me contou do seu problema, que tinha sido internado no ano passado por 6 meses e que só ficou limpo1 mês fora da clinica
    Ai ele passa quase que sempre uns 20 dias limpo, ai recai e usa tudo o que não usou nesses 20 dias drogas e álcool ,e ele volta sempre com aquele olhar de derrotado.
    Ai diz que vai lutar pra não usar mais, sei que ele tem uma doença, mas tbém sei que para parar tem que querer parar, ter a humildade de aceitar que não pode tomar 1 cerveja.
    De que não pode usar “controladamente” , pq faz tempo que já perdeu o controle, já perdeu muito dinheiro ,já perdeu a dignidade, esta quase me perdendo também, o emprego só não perdeu pq é concursado e mãe sempre o ajuda com os afastamentos médicos.
    Bom desse última recaída que foi nesse último domingo, na terça – feira ele passou pelo psiquiatra e está tomando medicamentos, esses medicamentos o deixam apático, ele diz que é horrível os efeitos, mas que vai continuar o tratamento que esta com nojo de drogas e álcool, mas sempre que recai , ouço essas conversas...
    O meu limete , estabeleci depois dessa última recaída, se não der certo com os medicamentos, só ficarei ao lado dele se ele se internar.
    Só ficarei ao seu lado se ele quiser mesmo se recuperar, por mais que eu ame e sofra em deixa-lo, melhor sofrer agora ...
    Pq o problema dele me afeta totalmente ... Sinceramente não estou mais aguentando isso, ele mesmo me disse que essa é a pior fase dele, que sou presente de Deus por ainda estar ao seu lado.
    Bom hoje nos veremos, e vou deixar bem claro meus limites, se acontecer de novo , e ele não pensar em se internar, nem precisa me procurar mais...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Luana. O que mais eu tenho visto nas histórias que ouço é que os fracassos dos dependentes químicos vem da falta de humildade. Aquela história de que sabe usar "controladamente" e de não aceitar que tem uma doença e que precisa de tratamento. É muito difícil conseguir sair dessa sozinho.
      Eu nunca vou poder dizer pra alguém "se separa", porque eu mesma nunca tive coragem de fazer isso. Mas agora que tenho aprendido mais sobre a codependência, aprendi a gostar mais de mim, e a me preocupar mais com o que eu sinto e preciso.
      Só posso te dizer que, qualquer decisão que você tomar, deve estar baseada em você, no que você aguenta ou não, no que você aceita ou não, no que você deseja pra você, e deixar claro pra ele esses limites, e não voltar atrás.
      Porque, se você diz que vai se separar e aí ele recai, e você fica com pena e aceita ele de volta, ele vai voltar a fazer isso. Eu disse isso pro meu namorado ano passado, ele passou 3 meses internado, e quando ele saiu, eu o aceitei de volta. Em 1 mês ele recaiu e foi o meu maior pesadelo.
      É como um teste, uma manipulação. Eles testam nossos limites e quando a gente volta atrás no que disse, eles se sentem livres pra fazer de novo.
      Oro pra que Deus te dê muita força e serenidade, pra que você escolha o melhor caminho. Fica com Deus. Beijos!

      Excluir

Deixe seu comentário pra mim. Gostaria de saber o que você pensa a respeito.