sábado, 31 de maio de 2014

1ª visita!

Oi queridos. 

Como estão??

Por aqui, tudo bem.

Estou muito cansada, no momento, porque quase não dormi esta noite, de tão ansiosa que estava.

Como vocês sabem, hoje foi a primeiríssima visita na Comunidade Terapêutica em que meu namorado está internado. A saudade batia forte, e a chuva também. Foi um dia bem chuvoso aqui no Sul.

Cheguei lá bem cedinho, 2 minutos depois que os portões abriram. Recebi um abraço bem apertado e cheio de calor e carinho. 

O que posso dizer? O lugar é incrível, a começar pela infraestrutura.

Tem os jardins a se perder de vista, que eles mesmos cuidam e limpam.
Tem os pomares que dão todo o tipo de frutas para os sucos e sobremesas.
Tem o laguinho onde tem uma família de patinhos.
Tem a piscina, que agora no inverno, está vazia.
Tem a academia, para eles gastarem energia no tempo livre.
Tem a padaria, onde eles mesmos fazem o pão caseiro.
Tem as hortas, onde eles plantam e colhem para consumir.
Tem a cocheira, onde fica o cantinho do chimarrão, e também o cavalo, as vaquinhas, e o porco.
Tem a casa onde fica a cozinha, os dormitórios, os banheiros, o refeitório, a lareira, a biblioteca, a televisão.
Tudo bem cuidado e limpinho e mantido por eles mesmos.

Depois disso tem toda a equipe de médicos e técnicos que cuidam deles e dirigem as reuniões, e cuidam da medicação e terapias. Lugar agradabilíssimo, muito profissional e aconchegante.

Bom, nem preciso dizer que ele não quer sair de lá. 

Não, na verdade, é muito importante dizer que ele não quer sair de lá. Ele diz que sente que ali é o lugar dele, um lugar onde ele é compreendido, onde fez amigos, onde está no meio de outros iguais a ele.

Ele está muito mais sereno e tranquilo. Consegue manter uma conversa sem gritos. Consegue imaginar um futuro. Consegue dar risadas. Consegue dar um abraço e um beijo de verdade.

Ele está gordo, está bonito. Está saudável novamente.

Quem não o conhece, pode achar que ele está muito normal, como qualquer outro. Mas quem o conhece bem intimamente, sabe que ele ainda não está sendo bem ele. 

Ainda tem muita coisa pra acontecer. Ainda tem 8 meses de tratamento. E ele quer ficar.

Quanto a mim, meu caminho também ainda é longo. Acredito que vou ter que procurar um tratamento mais pessoal, psicólogo ou psiquiatra, de repente alguma medicação. Eu conheço as ferramentas, eu conheço os passos, mas me sinto muito fraca pra seguir sozinha. Me sinto sem vontade de fazer as coisas que devo. Tenho medo.

Estou muito mais tranquila agora, e mais confiante no tratamento dele. Tenho que me preocupar comigo agora. Tenho que cuidar de mim.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Hora de usar as ferramentas!

Olá pessoal.

Como estão? Por aqui está tudo bem.

Ontem fui na reunião das famílias, obrigatória para quem vai na visita à Comunidade. Nesta, eles não fizeram muita terapia, porque é MUITA gente, basicamente quem falou foram os dependentes em recuperação, e o restante só falou seu nome e se iria na visita, ou não.

Mas além de explicar todas as regras, eles falaram bastante sobre algumas características físicas da dependência química. Segue algumas pesquisas que fiz, e foi bem isso que falaram lá.

A luta contra o vício costuma ser marcada por recaídas e fracassos. Alguém que decida parar de fumar, por exemplo, faz, em média, oito tentativas até largar de vez o cigarro.

Um enorme salto na busca pelo tratamento da dependência foi dado a partir do momento em que o vício deixou de ser visto como uma doença da alma - uma fraqueza de caráter que faz com que suas vítimas tenham comportamentos autodestrutivos - e começou a ser encarado como um distúrbio cerebral. Ele desequilibra e altera os circuitos de recompensa e prazer, tomada de decisões, auto controle, memória e aprendizado. É um problema muito complexo.

Embora cada droga ou comportamento compulsivo utilize circuitos de neurônios e provoque prazeres específicos, todos provocam liberação de dopamina nas áreas relacionadas com a recompensa que o prazer traz. A repetição compulsiva desse estímulo reduz a sensibilidade a ela, tornando o cérebro mais resistente à sua ação. 

A dopamina é o neurotransmissor da dependência. É ela que dispara a sensação de prazer. Ao inalar cocaína, por exemplo, o usuário tem o cérebro inundado de dopamina - daí a sensação de euforia que, em geral, essa droga produz.

Aí o usuário deixa de produzir dopamina aos estímulos naturais e não sente mais prazer em ir ao cinema, ver uma paisagem, estar com a família, ou até mesmo numa relação sexual. O único estímulo suficientemente intenso é o uso da droga.

O conhecimento dos processos químicos no cérebro são decisivos para entendermos porque a repetição de uma experiência que traz prazer, como o uso de uma droga ou a prática de uma atividade inocente como um jogo de cartas, pode se transformar numa compulsão que coloca a vida em risco.

Há dois grupos de pessoas bastante vulneráveis ao vícios - os adolescentes e os portadores de distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e ansiedade. Durante a adolescência, o cérebro sofre mudanças dramáticas. Uma das áreas ainda em maturação é o córtex pré-frontal, associado à tomada de decisões e responsável pelo controle dos desejos e emoções. O uso de substância químicas nesse momento de desenvolvimento tende a ter um impacto mais profundo e duradouro no funcionamento cerebral. A maior parte dos dependentes químicos se iniciou no vício - qualquer um deles - na juventude. Entre os usuários de drogas, isso ocorre, em geral, antes dos 21 anos.

O uso repetido de drogas muda a forma como o usuário se relaciona com o mundo. A boa notícia é que o cérebro tem uma capacidade extraordinária de se recuperar dos danos causados pelo vício. Quanto antes uma pessoa inicia o tratamento, melhor. É mais difícil tratar alguém que foi dependente de cocaína por trinta anos, do que quem usa há três. O mesmo vale para outras substâncias, como nicotina ou álcool. 

Os especialistas são unânimes em afirmar que não existem tratamentos eficazes que durem menos de 90 dias, porque esse é o período de maior propensão a recaídas, em que o cérebro permanece mais vulnerável.


Não podemos esquecer que, acima de tudo, o dependente precisa QUERER PARAR. Não importa que medicação ele tome, ou a qual tratamento ele será submetido, se ele não quiser parar, ele não vai.

Quanto à família, que muitas vezes também adoece, cabe entender que muitas vezes o desligamento emocional é o melhor caminho. É muito mais profundo do que, simplesmente, admiti-lo. É aceitar a escolha de cada um, sem querer interferir ou controlar os resultados. É dar oportunidade a si e ao outro de crescimento, de amadurecimento, de evolução...

Mas o que é desligamento emocional??

Desligamento não significa deixar de amar, significa que não posso fazer pelo outro aquilo que ele precisa fazer.
Desligamento não é cortar a comunicação, é a admissão de que não posso controlar uma outra pessoa.
Desligamento não é facilitação, mas deixar que haja aprendizado através das consequências naturais.
Desligamento é admitir impotência, o que significa que a solução não está nas minhas mãos.
Desligamento não é tentar mudar ou culpar o outro, é fazer o melhor para mim mesmo.
Desligamento não é cuidar do outro, mas sim importar-se com o outro.
Desligamento, então, não é consertar, mas dar apoio.
Desligamento não é julgar, mas permitir que o outro seja um ser humano.
Desligamento não é ser protetor, é permitir que o outro encare a realidade.
Desligamento não é azucrinar, rejeitar ou discutir, porém descobrir minhas próprias limitações ou corrigi-las.
Desligamento não é ajeitar tudo de acordo com os meus desejos, mas viver cada dia que vier e cuidar de mim mesma nesse dia.
Desligamento não é me arrepender do passado, mas crescer e viver o presente.
Desligar-se é temer menos e amar mais.

Autor desconhecido

Fonte: soporhoje2.blogspot.com.br 


Hoje passei a tarde conversando com uma amiga que foi casada muitos anos com um dependente químico. Hoje ela tem outra vida, outro marido, mas ela me falou: "Se eu tivesse recebido toda essa informação 20 anos atrás, eu teria feito muito diferente. Eu vivi pra ele".

Ainda é muito cedo para eu me desligar. Ainda não me sinto forte. Se ele saísse hoje, por exemplo, ainda não teria uma base sólida pra recebê-lo. 

Sinceramente não estou muito preocupada com ele, no momento. Sei que lá ele está recebendo o melhor tratamento. Me preocupo agora se eu serei capaz de abrir mão do controle. Afinal, não posso fazer nada por ele, a vida é dele. 

O processo é longo. A gente tem as ferramentas e toda informação possível. Agora é saber usar.

Só mais 1 dia pra 1ª visita. O coração está doendo de saudade. Depois conto as novidades.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Um coração pra te entender!

Olá pessoal.

Sem muitas novidades por aqui. Tenho estado meio ocupada com alguns trabalhos da faculdade, estudando bastante. Tive que redobrar minha atenção nas aulas ultimamente, e estudar bastante em casa, pra dar conta de toda a matéria que perdi desde o início do semestre. 

Aos pouquinhos, vamos indo. Colocando a vida nos trilhos novamente.

Tive um fim de semana bem tranquilo. Minha irmã terminou com o namorado, então agora tenho mais companhia pra fazer alguma coisa. Ela está bem. Sem grandes traumas. Ele era um cara bacana, mas às vezes, simplesmente, não dá certo. Aí, no Domingo fomos almoçar juntas no shopping, com o meu sobrinho e afilhado.

Depois disso fui visitar minha sogra e tomar um café com ela. Depois de tanto tempo, indo lá todos os dias, pra ficar com nosso querido, a gente meio que já sente falta. hehe

Peguei com ela a carta dele, da última reunião. Nela, ele me conta que, esta semana, está cuidando do jardim. Eles têm muitas flores e plantas por lá. 

Fiquei sabendo que ele andou meio deprimido estes últimos dias, mas aí marcaram uma consulta com o psicoterapeuta que fez um trabalho com ele e depois com todos os outros residentes. Ele já está melhor.

Nela, ele também me pede muitas desculpas, por tudo que me fez sofrer, diz que eu não merecia passar por tudo que ele me fez passar. Ele percebe como a droga acabou com as maiores qualidades dele. Atencioso, carinhoso, sincero, engraçado, responsável, trabalhador. Ele sempre foi. Mas a droga tirou isso dele.

A droga tirou de mim o cara que eu mais confiava, que eu mais amava, e que mais me fazia feliz. Nós tivemos muitos momentos felizes.

Quando paro para pensar nisso, o que eu sinto é tristeza. Não é mais raiva, nem agonia, nem desespero. Esses sentimentos, depois de quase 1 mês, já passaram. O que sinto hoje é tristeza, por tudo que perdemos, por tudo que poderíamos ter tido.

Sei que é muito importante a gente conhecer o máximo sobre a doença deles, e entender a doença deles, e também a nossa doença (codependência), mas é muito importante colocar pra fora também nossos sentimentos. É importante compartilhar.




Minha sogra não costumava frequentar as reuniões. Agora que ele está internado, ela está indo, e ficou bem feliz porque nesta próxima, eu também irei. Ela disse que se sente muito bem lá. 

Nas reuniões nós descobrimos que não somos os únicos que passam por isso. Há tantas mães, e esposas, que passam por momentos tão, ou mais, desesperadores do que aqueles que nós já passamos.

É bom conversar com alguém que te entenda.

Graças a Deus, hoje estou tranquila, fazendo o que preciso, fazendo o que gosto.
E ele também está bem e limpo há 20 dias. Obrigada, Senhor!

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

sábado, 24 de maio de 2014

Sua própria força!


Que a gente nunca perca essa obstinação de levantar cada vez que caímos. 

Que a fraqueza do outro, não seja a nossa. 

Que a gente possa acordar todos os dias, com a força necessária para vencer mais um dia. 

Que a gente tenha serenidade para viver a NOSSA vida, e não a do outro.

Que Deus possa estar presente em cada lar, e nos mostrar sempre o melhor caminho a seguir.

Graças a Deus, tudo tranquilo por aqui. Ele continua limpo a 18 dias.

Só mais 7 dias para a 1ª visita. Coração já bate ansioso.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Limites

Bom dia pessoal.

Hoje são 07h15min do dia 23 de maio de 2014.

Ontem a noite, estávamos conversando aqui em casa. Meu pai, muito preocupado ainda com minha situação, me perguntou se eu teria algum limite para esse "problema" dele, ou eu continuaria com isso, custe o que custasse.

Eu respondi na hora que eu tinha, sim, meus limites, mas que não queria precisar chegar neles.

Ele continuou dizendo que, quando eu percebesse que cheguei no meu limite, que eu não teria que ter vergonha de dizer, e que não importaria onde eu estivesse, que eu sempre teria pra onde voltar.

É, tenho que assumir que as lágrimas rolaram. Eu sei que meus pais me amam muito e que não medem esforços. Mas também sei que eles não entendem meu lado. Eles só vêem que eu decidi ficar com um cara doente, irresponsável, potencialmente perigoso e que, muito provavelmente, vai me fazer sofrer. Eles não entendem a doença dele, nem a minha. Eles nunca passaram por isso.

Mas agora, na madrugada, refletindo, fiquei pensando: Quais são os meus limites? Como saber que cheguei neles? E o que fazer quando chegar neles?

Agora o meu namorado está internado, e graças a Deus, está limpo há 17 dias. Ele se adaptou muito bem por lá, e segue com bastante desejo de mudar.

Acho que esse é um dos maiores motivos que ainda permaneço com ele. Eu via nele a vontade de mudar. Eu via que ele não estava satisfeito com a vida dele. Eu via suas tentativas. Mas também via suas recaídas. Que jornada difícil.

Me lembro claramente as vezes em que passava o dia inteiro na casa da mãe dele, esperando por ele, às vezes com ela, às vezes sozinha. Horas e horas, esperando ele voltar pra casa. E quando ele chegava com uma desculpa mais esfarrapada que a outra, eu nem sabia como agir. Às vezes só chorava, às vezes só brigava.

Mas aí, eu descobri que era codependente, e que ficar esperando ele, não ia resolver nada. Ele ia chegar quando quisesse. Eu só estava perdendo tempo de fazer as minhas coisas. 

Me lembro a primeira vez em que ele chegou, e eu não estava lá. Ele me ligou totalmente surpreso querendo saber porque eu já tinha ido embora, isso depois de 4h esperando. Depois disso, nunca mais esperei. Juntava minhas coisas e voltava pra minha casa.

Eu já fui muito inconsequente. Já deixei ele fumar maconha na minha frente, porque ele disse que ia ficar "mais tranquilo". Adiantou? Assim que pôde, ele foi atrás da cocaína.

Eu, sinceramente, ainda não sei quais são meus limites. Eu vejo histórias de outras namoradas e esposas que aguentam tanta coisa. E mesmo que elas passem por momentos tão parecidos, a gente nunca sabe como será nossa reação, a não ser quando acontece com a gente mesmo.

Eu só sei que não quero mais conviver com a droga. Com a doença sim, porque se quero ficar com ele, tenho que aceitá-lo como ele é, com seus defeitos e qualidades, com suas limitações, e com sua doença. Mas com a droga não.

Eu acredito na recuperação dele. Eu acredito no nosso amor. Eu acredito que é possível um dependente químico querer parar. 

E eu acredito em mim. Eu acredito que posso viver a MINHA vida, independente das escolhas dele.

Sei que hoje, estou tranquila. Do amanhã, Deus cuida.

Beijos! 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Eu escolhi ficar.

Olá queridos.

Fiquei um tempinho sem postar, porque não estava bem. Tive fortes dores de estômago, e dor de dente, tudo junto. Foram dias complicados. Mas já fui medicada e já estou melhor.

Hoje tenho algumas notícias do meu namorado e queria compartilhar. 

Nesta comunidade em que ele está internado, primeiro eles passam alguns dias em outra cidade, um pouco mais afastada, para desintoxicação. Lá eles vêem quem realmente quer ficar. Tem muita gente que não aguenta esses poucos dias, e assim que volta pra cidade sede, acaba desistindo.

Bom, ele já está no local onde irá permanecer os próximos 8 meses e meio. Ele não desistiu e está se adaptando bem. Finalmente fui buscar com a mãe dele a carta que ele me escreveu. Como eu tinha escrito anteriormente, eu não pude ir na reunião das famílias, onde são trocadas as cartas, mas a mãe dele recebeu por mim. Só pude ir buscar hoje. Estava tão curiosa.

Não posso negar que foi muito bom ler as palavras dele dizendo que está feliz lá, e está tranquilo, e já engordou 3kg. E que sente saudade (nó na garganta).

Ainda não posso dizer que estou "feliz". Ainda estou tentando me acostumar sem ele aqui, é difícil, a saudade é muito grande. Mesmo com todos os problemas, ainda tínhamos alguns momentos bons. Poucos, mas tinha. 

Na última carta que escrevi pra ele fui muito dura. Mas eu precisava. Precisava dizer que eu não aceitaria mais conviver com as coisas que ele fazia. A droga tirou nossa confiança um no outro, e transformou ele num ser mentiroso, egoísta e manipulador. Eu sei que o coração dele não é assim. Mas deixei bem claro meus limites. 

Bom, ele teve uma semana pra pensar em tudo que eu tinha pra dizer. Estou curiosa pra saber o que vou receber de volta esta semana.




Eu escolhi ficar ao lado dele. Tenho passado poucas e boas, outras muitas nem tão boas assim, por ter feito esta escolha. Alguns concordam com isso, outros não. Mas cada um sabe de si. 

Eu sei que ele não é o único cara da face da terra. Eu poderia ter escolhido outra relação mais fácil, mais tranquila, com um cara sem vícios, trabalhador, cristão, etc etc... 

Mas escolhi ficar com ele. Não posso explicar por que. Só sei que conheço o coração dele, e sei que ele pode ser melhor do que isso. Claro, também tem toda a questão da intimidade que compartilhamos, e cumplicidade, e carinho, e pele e cheiro....

Mas enfim, eu acredito na recuperação dele. Ele já esteve internado aos 18 anos, e passou quase 10 anos limpo. 6 destes passou com uma outra companheira que fez da vida dele um inferno. Nada disso é motivo para voltar às drogas, eu sei, mas contribuiu muito pra que ele preferisse ficar pela rua, do que dentro de casa.

Não posso recriminar. Não posso julgar. Eu mesma cometi muitos erros quando ainda estava cega à minha codependência. Mas hoje eu sei que brigas, gritos, violência verbal e física, não ajudam em nada.

O adicto precisa QUERER PARAR! Um adicto que não queira parar de usar não vai parar de usar. Pode ser analisado, aconselhado, persuadido, pode se rezar por ele, pode ser ameaçado, surrado ou trancado, mas não irá parar até que queira parar.

Eu tenho fé que virão dias melhores. Pode durar pra sempre, ou não. Mas só por hoje, ele está limpo e bem, há 15 dias. E eu estou tranquila.

Fé em Deus sempre. É Ele que nos põe de pé nos piores momentos. É nEle que devemos depositar nossa confiança e confiar nossos medos e desejos, porque Ele sabe o que é o melhor pra nós. Esperar nEle, que dias bons virão.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

domingo, 18 de maio de 2014

Será??

Boa noite queridos!

Fico me perguntando: Será que amar um dependente químico é viver sob a sombra das drogas a vida toda? Será que significa que você é apenas uma "burra" que não enxerga a verdade? Significa que você não merece mais a atenção das "pessoas normais" porque está "do outro lado da força"??

Sinto que é assim que as pessoas mais próximas a mim tem me visto. O preconceito impera dentro da minha casa. Eles não entendem. Não entendem o que eu sinto, o que eu tenho passado, o que ele tem passado, e nem tentam. 

Desde que souberam da doença do meu namorado, eles tem constantemente me excluído, e desconsiderado em diversos momentos. Isso significa que eu não sou mais convidada para almoços de domingo na casa das irmãs, nem convidada para o chimarrão da tarde na praça, nem pra levar o sobrinho no shopping. E aí acabo sozinha em casa, num domingo lindo de sol, sem ter o que fazer, nem pra onde ir, porque o dinheiro está escasso também, só vendo televisão, um filme após o outro.

É gente, bateu a depressão hoje. 

Meu namorado lá internado, eu aqui sendo constantemente julgada e condenada. Isso dói. Ver as pessoas que você pensava que poderia sempre contar, te virando as costas, porque não concordam com as tuas escolhas.

Não tenho palavras bonitas hoje, nem de força. Hoje estou fraca, triste e com saudade.

Sei que vai passar. Já está quase na hora de ir pra igreja.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

sábado, 17 de maio de 2014

Hoje eu sei...

Olá queridos.

Fiquei uns dias sem postar porque não tenho muitas novidades.

Ele continua internado, graças a Deus, e eu continuo fazendo minhas coisinhas, cuidando de mim, lendo bastante, descansando, estudando, etc etc...

Como eu disse nos post anteriores, eu não pude ir na reunião pra família dessa última quarta, porque tive aula, mas a mãe dele foi. Relataram pra ela que ele está bem, está lá, fazendo a parte dele. Eu mandei minha cartinha e ele me mandou uma também. Ainda não consegui ir pegar com a mãe dele, moro meio longinho, e ela chega tarde do serviço. Estou louca pra ler o que ele escreveu pra mim. Ele odeeeeia escrever, mas fiz ele prometer que me escreveria sempre.

Hoje eu estava lendo um blog, um que acompanho sempre, que me serviu de maior ajuda num tempo muito difícil, tempo que eu estava totalmente cega para minha codependência. (amandoumdependentequimico.blogspot.com.br). Recomendo muito.

Enfim, eu estava lendo alguns posts, e aí me deparei com um comentário de um dependente químico que não está em recuperação. Ele falava como os adictos são fracos, egoístas, e manipuladores. Na verdade, ele foi muito sincero e disse que não tinha força de vontade nem disposição para enfrentar tudo o que a recuperação trás. Comentou como alimentava sua esposa com "doses de amor" e não tinha coragem de deixá-la livre, porque precisava dela. Segue um trecho:

"O caso dessas esposas pode nunca ser uma história de sucesso, pois as pessoas são diferentes, e elas podem viver uma vida acreditando na recuperação de alguém que não vai acontecer.
Porque, minhas colegas, recuperação acontece quando a gente quer, podemos estar juntos, separados, nas ruas, numa casa luxuosa, numa clinica, ou no bar bebendo, com familia, sem familia, nada importa... 
Não percam suas vidas por nós, adoramos isso claro, ter alguem vivendo pela gente, mas sinceramente, não é justo. É mais um defeito nosso, o egoísmo. Vejo minha esposa, relativamente bonita, bem sucedida, com filhos, presa a mim, e não tenho coragem de deixá-la livre, porque preciso dela, para me dar um suporte e não me deixar cair tanto, ela é meu freio."

Pra dizer bem a verdade, fiquei meio chocada. Mas a verdade é que a gente nunca sabe como a outra pessoa nos vê. Ele pode dizer "Eu te amo", mas será que ama mesmo? Será que não está dando apenas uma "dose de amor"? Será que não é apenas manipulação? 

Parei pra pensar em todas as controvérsias, em todas as vezes que ele dizia me amar, mas numa certa vez, me abandonou no meio da noite, e quando acordei, de madrugada, estava sozinha na cama, e cadê ele? 

Como ter certeza das coisas?

Infelizmente, a partir do momento que escolhemos viver com um adicto, as certezas acabam. Nós não temos certeza de que ele continuará limpo. Não temos certeza de que amanhã será um bom dia. Não temos certeza se nossos planos sairão do jeito que planejamos. 

Não há certezas. Existe apenas o hoje. Só por hoje ele está limpo. Só por hoje está tudo tranquilo. Só por hoje ele está aqui, comigo. Do amanhã, só Deus sabe.

Meu namorado está internado e está limpo a 11 dias. Agradeço a Deus, todos os dias, por mais um dia. Mas o mais importante, além de agradecer pelo tratamento dele, agradeço pelo meu. 

Agradeço por alguns membros da minha família, que mesmo não concordando muito com minhas escolhas, ainda me oferecem seu ombro e seu apoio. 

Agradeço pela mãe dele, aquela mulher guerreira que, assim como eu, não desistiu dele nunca. 

Agradeço pelas pessoas que Deus colocou no meu caminho, seja pessoal ou virtualmente, que me ajudaram a enxergar a minha codependência, e começar a tratá-la.

Graças às informações que busquei, hoje eu conheço as ferramentas que posso usar para me fortalecer, e a partir daí, saber como lidar com a doença dele. 

Já não carrego mais o peso da culpa pelo vício dele. Eu entendi que o adicto só vai parar se quiser parar, não importa o que eu faça.

Hoje eu já consigo dormir, mesmo preocupada com ele. Hoje eu já consigo comer e cuidar da minha saúde e estética, que já foram muito prejudicadas.

Hoje eu consigo fazer uma prova na faculdade, mesmo sem saber por onde ele anda, o que eu julgava quase impossível antes.

Hoje eu já consigo ir a uma reunião de grupo de apoio e me emocionar com as histórias que ouço, mas também dar uma palavra de consolo a outras que passam pelo mesmo que eu.

Hoje eu entendo melhor a doença dele e me sinto mais forte pra encarar a vida, e viver.

Hoje eu já consigo pensar no meu futuro, e fazer coisas que gosto, simplesmente porque sinto vontade, sem me preocupar que ele não está debaixo dos meus olhos pra que eu o possa vigiar.

Hoje eu sei que a vida que escolhi não é fácil, e não vai ser, mas também, que cada uma faz suas próprias escolhas, e tem que estar bem ciente das consequências que sua escolha te traz.

Hoje estou mais ciente de tudo isso, e por isso sei que não estou curada. Sei que isso não acaba. Sei que temos que lidar com isso diariamente, assim como eles, os adictos, tem que lutar contra sua doença, todos os dias.

Sei que cada dia que ele passa sem usar droga, é uma vitória DELE. E cada dia que eu faço alguma coisa que gosto, por mim, é uma vitória MINHA.

Por isso, se você está passando por todas essas situações, lembre-se de que você também é uma pessoa, que também tem uma vida, que também tem necessidades. 

Procure ajuda. Procure se informar. Leia. Vá a grupos de apoio. Sozinho é muito mais difícil.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

Beijos

PS: Já arrumei um probleminha nos comentários. Sei que muitas pessoas não gostam de divulgar seus nomes. Agora já é possível comentar anonimamente. Fiquem à vontade. Obrigada.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Jesus Cristo sempre te põe de pé.


"Cada dia que se passa
São lutas sem cessar 
Que as vezes você pensa em desistir
Mas Deus está contigo 
Por onde tu andares
Vai nessa força 
Que você vai conseguir

Eu não vejo o porque
De você abandonar 
Tudo aquilo que Jesus 
Tem prá te dar
Mas olhe para o alto
E veja o céu tão perto
Jesus está juntinho de você !

Eu quero ver você 
Sempre sorrindo
Coração que se abre prá Fé
E mesmo que haja pedras no caminho
Jesus Cristo sempre te põe de pé"

Caminhos da fé - Aline Barros

Que a graça do Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre presente na vida de vocês, lhes dando a força necessária para continuar e seguir em frente.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

A 1ª semana.

Olá pessoal. 

Por aqui, tudo tranquilo. Cada dia invento uma coisa nova pra fazer, visito alguns amigos, ou durmo bastante, vou no shopping, tenho aula quase todas as noites na faculdade, e em casa sempre tem algo pra fazer. Meu afilhado de 3 anos mora comigo, então tédio não existe aqui em casa.

A saudade do meu querido bate muito forte. Tudo que eu faço me faz lembrar dele. Mas eu tenho o consolo de saber que, apesar de estar longe de mim, ele está bem e está limpo, há 7 dias. 

A mãe dele me ligou esta semana, para perguntar se eu tinha alguma notícia dele. Porque o contato principal que a comunidade terapêutica tem é o meu, então, o primeiro número que eles ligariam seria pra mim. Ninguém entrou em contato comigo, então é um bom sinal. Ele está fazendo a parte dele.

A mãe dele disse que já está sentindo a falta dele também, até mesmo da incomodação. Meu namorado é uma pessoa extremamente cativante, daqueles que enche o ambiente. Ele fala alto e gesticula, e canta e brinca, e abraça e pega no colo, e faz cocegas, e bagunça o cabelo, eeeenche o saco, mas quando não está, faz muita falta.

Eu estou bem. Tenho inventado o que fazer. Agora estou desempregada, no seguro desemprego, e para complementar um pouquinho a renda, estou trabalhando com Avon e O Boticario, como revendedora. É uma boa atividade. A gente conhece pessoas diferentes e tem um retorno legal.

Tenho prestado mais atenção na minha alimentação também, porque emagreci muito nos últimos meses. Mais de 5kg. Com tanta preocupação nas vezes que ele sumia, às vezes por uns três dias, eu esquecia de comer, até de tomar banho, até ele aparecer. Eu sei que não sou a única que fiz isso.

Eu sei que é muito difícil a gente se lembrar de que nós também temos uma vida, e necessidades, enquanto nosso familiar está numa situação tão difícil, mas é essencial que cuidemos de nós mesmos, porque enquanto nós também estivermos doentes, não poderemos fazer nada de construtivo por eles.

Amanhã é a primeira reunião das famílias daqueles que estão internados. É quando a gente troca cartas e recebemos notícias deles, e compartilhamos experiências com os outros. Infelizmente não vou poder ir nesta, porque tenho aula às quartas-feiras e já matei muitas aulas dessa cadeira, mas a mãe dele se propôs a ir. Faz parte das obrigações da família participar dessas reuniões também.

Agradeço todos os dias a Deus, a cada dia que ele passa lá, porque é mais um dia que ele permanece limpo. Desde que ele fique lá, sei que está fazendo a parte dele. E eu estou aqui, fazendo a minha. Cuidando de mim. Tratando a minha codependência e me fortalecendo pra recebê-lo de volta. 

Oro todos os dias a Deus pedindo que lhe dê a força necessária para continuar lá. E pra mim também. Deus tem sido minha fortaleza e seguro bem presente. A cada dia Ele se mostra meu melhor amigo e enche meu coração de esperança de que a recuperação de um dependente químico é possível. É possível encontrar novas formas de viver, sem a droga.

Que vocês, que estão lendo este post, também possam ter essa esperança. Não percam a fé. Deus sabe o que é melhor pra todos nós. Entreguem seus problemas nas mãos dEle, e confiem. Às vezes Ele diz sim, na hora. Outras vezes Ele diz não. Outras Ele diz, espera. Algumas vezes as coisas podem não sair do jeito que queremos, mas se entregarmos nas mãos dEle, podemos ter certeza de que é o melhor.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Senti saudade de mim


Cuidem-se queridas! Cuidem de si mesmas! É impossível ajudar os outros enquanto nós estivermos doentes. Se encontrem, encontrem seu próprio caminho. Quem estiver disposto, vai acompanhá-las.

Fiquem bem.
Fiquem com Deus.

sábado, 10 de maio de 2014

Só por hoje!

Boa noite!

Estive pensando como é difícil para as pessoas "de fora" entenderem o que se passa com a gente. A maioria das pessoas com quem comento alguma coisa, até mesmo da minha família, ficam com pena de mim. Coitadinha, sofre tanto. E algumas vezes ficam com raiva do meu namorado, porque, na visão deles, ele que é o culpado por tudo de mal que me acontece.

É tão fácil julgar as pessoas. Confesso que eu mesma, antes de viver tudo isso, nunca imaginei ter qualquer contato com a dependência química. A visão que se tem hoje, inclusive pela própria mídia, é que drogados são todos bandidos, são loucos, violentos, vagabundos. Alguém bem próximo a mim me perguntou se o que eu queria da minha vida era ser mulher de um drogado traficante, e que se eu continuasse com essa história, não teria seu apoio. É, foi bem difícil ouvir isso. Um soco na minha cara doeria menos. 

É complicado, porque eu sei que essa vida que escolhi não é uma vida fácil. Mas foi minha escolha. Ninguém é obrigado a concordar com isso. Eu escolhi ficar do lado dele, e acompanhar o tratamento dele. Porque o amor que sentimos um pelo outro é muito grande. Foi assim desde o início e já fazem 3 anos.

Hoje conversei com um amigo que nos conheceu no início de nosso relacionamento. Ele perguntou como eu estava e eu disse que só por hoje estava bem. E ele me disse que não, que não seria só por hoje, amanhã seria melhor. Tentou me passar uma atitude positiva, pensando que eu estava com um peso nos ombros. Como é difícil explicar esse pensamento. "Só por hoje". É difícil, pra quem está longe do mundo das drogas, entender o que significa viver um dia após o outro, e que cada dia que o meu querido passa limpo é uma vitória para ele, e uma alegria para mim. É uma conquista dele. E aí em questão da minha codependência, cada dia que eu consigo me desligar da doença dele, e fazer uma coisa que gosto, por mim, simplesmente porque quero, também é uma vitória minha.

Morro de medo de errar de novo. Morro de medo de que, quando ele sair de lá, eu não saiba lidar nem com ele, nem comigo mesma. Morro de medo que ele caia de novo, como já aconteceu tantas vezes. Por isso, eu sei que ainda tenho muito o que aprender. Estou procurando livros a respeito, visito outros blogs e vou começar a ir nas reuniões das famílias. Trocar experiências é essencial, mas é importante que seja com quem vive a mesma coisa, ou então um profissional. Contar tudo o que você vive com alguém que não vive o mesmo que você, pode gerar pena, ressentimento ou julgamentos. E nós já temos problemas suficientes, não é mesmo?

Muitas pessoas se afastaram de mim devido às minhas escolhas. Acham que escolhi mal. Mas como eu poderia abandoná-lo? Só eu sei o quanto eu o amo, e a cumplicidade que compartilhamos. Eu fiz minha escolha, e estou decidida. Agora que ele está em tratamento, vou fazer o mesmo. Reestabelecer limites, para ele e para mim. Me conhecer novamente. Viver a minha vida e depois dividi-la com ele, quando ele estiver pronto. Não mais viver a vida dele.

Aprendi que, a partir do momento em que passamos a nos cuidar, olhar pra nós mesmas, e focar em nossa vida, fica mais fácil fazer escolhas. Cada um sabe de si. Eu continuo acreditando na recuperação dele, e na minha. Tenho muita fé em Deus e sei que Ele fará acontecer o que Ele sabe que é o melhor pra nós. Entrego minha vida e meus problemas nas mãos dEle e descanso nEle.

Fiquem com Deus. Fiquem bem.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dia 02

Boa Tarde!

Hoje é o segundo dia da nossa recuperação! Estou exausta!

Passei o dia em função de Previdência Social. Tive que ir a São Leopoldo, e depois a Cachoeirinha. Quase tive que ir a Viamão também. As coisas nunca dão certo de cara para nós. Haja persistência. Tive que vir pra casa sem resolver o problema. Mas graças a Deus, no fim, deu tudo certo. Eles ficaram com uma cópia de toda a papelada lá e me ligaram agora pouco me informando que já agendaram a perícia dele. 

Só buscar os papéis lá amanha, e levar para o pessoal da Comunidade Terapêutica. Agora é com eles. Missão cumprida!

A saudade bate muito forte. Mas eu já sei, por experiência, que os primeiros dias são os piores. Depois a gente se acostuma, entra em uma rotina nova. A gente volta a fazer nossas coisas, arrumar a casa, limpar a alma, se cuidar. É nisso que estou pensando agora. Pensando um pouquinho em mim.

Não tem como me desligar por completo. Eu preciso acompanhar o tratamento dele. A família também tem obrigações. Ontem mesmo tive que abrir mão de uma atividade muitoo legal na faculdade por causa disso. Daqui a três semanas minha turma fará um teste-cego na cadeira de Marketing. Em que escolhemos um produto, que tenha várias marcas conhecidas, e colocamos uma prova ao lado da outra, sem identificação. A pessoa tem que dizer antes qual é a marca que mais gosta e depois, sem saber qual marca está provando, dar uma nota e ver se a marca que "dizia" gostar foi a que recebeu a maior nota. Mas não vou poder ir nesta atividade porque tenho que ir à reunião com as famílias, é a última antes da visita. Se não for na reunião, não vai na visita. Pena, mas faz parte.

Estou bem. Sei que, só por hoje, ele está limpo e seguro, há 2 dias. A saudade é imensa, mas só de pensar nisso, já alivia o coração. Rezo pra que Deus dê a ele toda a força, serenidade e tranquilidade que ele precisa lá dentro. E o mesmo desejo pra mim, aqui fora.

Fiquem bem. Fiquem com Deus.

Beijos!


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Primeiro dia!

Olá!

Hoje é o primeiro dia de recuperação do meu querido adicto. Digo primeiro dia porque realmente é. Ele está internado numa comunidade terapêutica, por vontade própria, o que é importante ressaltar. Foi hoje de manhã. Mas usou a maldita droga até o último dia. 

Hoje também é o primeiro dia da minha recuperação. Estive com ele nos piores momentos. Sofri, chorei muito, adoeci junto com ele. E agora está mais do que na hora de eu me preocupar comigo mesma. Não só com minha aparência, meus interesses, fazer o que gosto, me redescobrir.

Eu sempre tive um temperamento codependente. Desde que tomei conhecimento da doença dele, pensei que com o meu amor, eu poderia curá-lo. Mas não é bem assim, não é? Eu fui criada num ambiente bem diferente do dele, e a droga nunca fez parte da minha vida, nem daqueles à minha volta. No início, ele me escondia o vício, e como eu não sabia nada a respeito, não percebi. Quando dei por mim, já era tarde, ele já estava perdido no vício, e as minhas atitudes, que eu pensei que estavam ajudando, estavam facilitando a doença. Perdi muito dinheiro, perdi muito tempo, perdi muitos quilos e também, alguns amigos.

Não vou destacar aqui o que ele fez, tudo pelo que passei, porque as histórias sempre se repetem. Todos que tem um familiar dependente químico passam pelas mesmas coisas. Noites sem dormir, preocupação, angustia, raiva, dor. Comigo não foi diferente. Ele é meu namorado, e se Deus quiser, futuro marido. Acredito muito na sua recuperação, porque percebo que ele quer muito mudar de vida. Estive com ele em todos os passos até a internação de hoje. Reuniões, exames clínicos, terapias. Agora ele vai passar 9 meses em tratamento, longe de mim. E o restante da vida em tratamento, espero que ao meu lado. 

Meu desejo, com esse blog, é compartilhar as experiências que tivermos durante este tratamento, e depois dele. É um processo sem fim. E não há regras. O adicto precisa QUERER PARAR! "Um adicto que não queira parar de usar não vai parar de usar. Pode ser analisado, aconselhado, persuadido, pode se rezar por ele, pode ser ameaçado, surrado ou trancado, mas não irá parar até que queira parar".

A doença os atinge de forma física, mental e espiritual. Mas é importante que não só o dependente químico receba o tratamento adequado, a família também precisar buscar ajuda. Por isso são tão importantes as reuniões dos grupos de apoio. É importante que a família se mantenha sã, que compartilhe suas experiências com outros que passam pelo mesmo. Sozinho é muito mais difícil.

Hoje é o dia 01. Mas a melhor parte é que hoje eu sei que ele está bem, e que só por hoje, está limpo. Eu também estou bem. Deus tem me dado forças que eu não sabia mais de onde tirar. Cheguei no nível mais difícil até aqui, mas Ele é a minha fortaleza e meu porto seguro.

A doença da adicção não é uma condição sem esperança. Não sou tão inocente a pensar que quando ele sair de lá ele NUNCA MAIS vai usar a droga. Mas a recuperação é possível, se vivê-la todos os dias. É possível deixar as drogas e encontrar uma nova maneira de viver.

Tenho fé de que tudo vai melhorar.
Fiquem bem.

Bjs