Olá pessoal.
Como estão? Por aqui está tudo bem.
Ontem fui na reunião das famílias, obrigatória para quem vai na visita à Comunidade. Nesta, eles não fizeram muita terapia, porque é MUITA gente, basicamente quem falou foram os dependentes em recuperação, e o restante só falou seu nome e se iria na visita, ou não.
Mas além de explicar todas as regras, eles falaram bastante sobre algumas características físicas da dependência química. Segue algumas pesquisas que fiz, e foi bem isso que falaram lá.
A luta contra o vício costuma ser marcada por recaídas e fracassos. Alguém que decida parar de fumar, por exemplo, faz, em média, oito tentativas até largar de vez o cigarro.
Um enorme salto na busca pelo tratamento da dependência foi dado a partir do momento em que o vício deixou de ser visto como uma doença da alma - uma fraqueza de caráter que faz com que suas vítimas tenham comportamentos autodestrutivos - e começou a ser encarado como um distúrbio cerebral. Ele desequilibra e altera os circuitos de recompensa e prazer, tomada de decisões, auto controle, memória e aprendizado. É um problema muito complexo.
Embora cada droga ou comportamento compulsivo utilize circuitos de neurônios e provoque prazeres específicos, todos provocam liberação de dopamina nas áreas relacionadas com a recompensa que o prazer traz. A repetição compulsiva desse estímulo reduz a sensibilidade a ela, tornando o cérebro mais resistente à sua ação.
A dopamina é o neurotransmissor da dependência. É ela que dispara a sensação de prazer. Ao inalar cocaína, por exemplo, o usuário tem o cérebro inundado de dopamina - daí a sensação de euforia que, em geral, essa droga produz.
Aí o usuário deixa de produzir dopamina aos estímulos naturais e não sente mais prazer em ir ao cinema, ver uma paisagem, estar com a família, ou até mesmo numa relação sexual. O único estímulo suficientemente intenso é o uso da droga.
O conhecimento dos processos químicos no cérebro são decisivos para entendermos porque a repetição de uma experiência que traz prazer, como o uso de uma droga ou a prática de uma atividade inocente como um jogo de cartas, pode se transformar numa compulsão que coloca a vida em risco.
Há dois grupos de pessoas bastante vulneráveis ao vícios - os adolescentes e os portadores de distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e ansiedade. Durante a adolescência, o cérebro sofre mudanças dramáticas. Uma das áreas ainda em maturação é o córtex pré-frontal, associado à tomada de decisões e responsável pelo controle dos desejos e emoções. O uso de substância químicas nesse momento de desenvolvimento tende a ter um impacto mais profundo e duradouro no funcionamento cerebral. A maior parte dos dependentes químicos se iniciou no vício - qualquer um deles - na juventude. Entre os usuários de drogas, isso ocorre, em geral, antes dos 21 anos.
O uso repetido de drogas muda a forma como o usuário se relaciona com o mundo. A boa notícia é que o cérebro tem uma capacidade extraordinária de se recuperar dos danos causados pelo vício. Quanto antes uma pessoa inicia o tratamento, melhor. É mais difícil tratar alguém que foi dependente de cocaína por trinta anos, do que quem usa há três. O mesmo vale para outras substâncias, como nicotina ou álcool.
Os especialistas são unânimes em afirmar que não existem tratamentos eficazes que durem menos de 90 dias, porque esse é o período de maior propensão a recaídas, em que o cérebro permanece mais vulnerável.
Não podemos esquecer que, acima de tudo, o dependente precisa QUERER PARAR. Não importa que medicação ele tome, ou a qual tratamento ele será submetido, se ele não quiser parar, ele não vai.
Quanto à família, que muitas vezes também adoece, cabe entender que muitas vezes o desligamento emocional é o melhor caminho. É muito mais profundo do que, simplesmente, admiti-lo. É aceitar a escolha de cada um, sem querer interferir ou controlar os resultados. É dar oportunidade a si e ao outro de crescimento, de amadurecimento, de evolução...
Mas o que é desligamento emocional??
Desligamento não significa deixar de amar, significa que não posso fazer pelo outro aquilo que ele precisa fazer.
Desligamento não é cortar a comunicação, é a admissão de que não posso controlar uma outra pessoa.
Desligamento não é facilitação, mas deixar que haja aprendizado através das consequências naturais.
Desligamento é admitir impotência, o que significa que a solução não está nas minhas mãos.
Desligamento não é tentar mudar ou culpar o outro, é fazer o melhor para mim mesmo.
Desligamento não é cuidar do outro, mas sim importar-se com o outro.
Desligamento, então, não é consertar, mas dar apoio.
Desligamento não é julgar, mas permitir que o outro seja um ser humano.
Desligamento não é ser protetor, é permitir que o outro encare a realidade.
Desligamento não é azucrinar, rejeitar ou discutir, porém descobrir minhas próprias limitações ou corrigi-las.
Desligamento não é ajeitar tudo de acordo com os meus desejos, mas viver cada dia que vier e cuidar de mim mesma nesse dia.
Desligamento não é me arrepender do passado, mas crescer e viver o presente.
Desligar-se é temer menos e amar mais.
Autor desconhecido
Fonte: soporhoje2.blogspot.com.br
Hoje passei a tarde conversando com uma amiga que foi casada muitos anos com um dependente químico. Hoje ela tem outra vida, outro marido, mas ela me falou: "Se eu tivesse recebido toda essa informação 20 anos atrás, eu teria feito muito diferente. Eu vivi pra ele".
Ainda é muito cedo para eu me desligar. Ainda não me sinto forte. Se ele saísse hoje, por exemplo, ainda não teria uma base sólida pra recebê-lo.
Sinceramente não estou muito preocupada com ele, no momento. Sei que lá ele está recebendo o melhor tratamento. Me preocupo agora se eu serei capaz de abrir mão do controle. Afinal, não posso fazer nada por ele, a vida é dele.
O processo é longo. A gente tem as ferramentas e toda informação possível. Agora é saber usar.
Só mais 1 dia pra 1ª visita. O coração está doendo de saudade. Depois conto as novidades.
Fiquem bem.
Fiquem com Deus.