quinta-feira, 3 de julho de 2014

Eu não sou perigosa...

Olá meus amigos.

Tive um encontro do grupo de ajuda tão bom ontem, tão rico e tão necessário. A gente aprende tanto. Ouve o que precisa ouvir e sai com bastante coisa para refletir.

Muito do que escrevi no meu último post foi o que compartilhei com eles, entre outras coisas.

Eu fui criada numa família cristã, fui criada dentro da igreja, desde que me conheço por gente, principalmente porque meu pai é pastor. Isso se torna muito complicado a partir do momento em que nós temos que demonstrar coisas que, na realidade, não estamos sentindo. 

Porque a família do pastor não pode brigar, não pode xingar, a família não tem problemas, se ama muito em todos os momentos, é sempre unida, é a família perfeita, é o modelo. Só que não é bem assim. 

A gente briga, a gente xinga, a gente se desentende, e a gente tem muitos problemas. 

Só que os irmãos não precisam saber disso. Porque não importa que o mundo esteja desabando dentro de casa, a gente vai engolir tudo o que estiver sentindo, e vamos sorrir e ser simpáticos.


Esse tipo de atitude e pensamento também é o que dificulta muito a minha família entender a doença do meu namorado. Afinal, quem quer um dependente químico na família perfeita? O que os outros vão pensar?

Ta, não vou ser injusta. Não posso generalizar. Nem todos eles pensam assim, mas.... dificulta bastante.





Mas eu cresci agindo assim, e por isso me tornei uma pessoa que agrada, que serve, que sorri com vontade de chorar, que diz sim querendo dizer não, que aceita pra não desagradar.

Na reunião, me fizeram entender que foi bom que ele tenha me dito aquilo. "Que o meu jeito de ser é perigoso para um adicto". Ele estava muito certo no que disse. Isso indica que ele está muito racional e consciente. Quer dizer que ele sabe do que ele precisa e que, apesar de toda a doença dele, ele me vê melhor do que eu mesma me vejo.

Quer dizer também que eu tenho muito o que mudar. Preciso rever todo o meu jeito de ser, o meu jeito de agir, o meu jeito de pensar, não só com ele, mas com todo mundo. 

Mas começando pela minha relação com ele:
Eu preciso agir do modo que eu sei que é o certo, e não do jeito que ele quer que eu faça.
Eu preciso impor limites pra mim e pra ele, e respeitá-los, mesmo que ele não goste e reclame.
Eu preciso aprender a dizer não, ao invés de dizer sim a tudo que ele me pede.
Eu preciso aprender a deixá-lo ter seu espaço. Ele vai ter que fazer as coisas sozinho, e vai acertar, e vai errar e vai ter que arcar com as consequências dos seus erros.

Nossa, isso é difícil. Abrir mão de tudo que aprendi e do que venho fazendo há 25 anos. Mas, tem que ser feito. Então vamos fazer.

E pensando bem, não é uma mudança só por ele. Até quando eu continuaria assim?? Ser boazinha para agradar aos outros, me sentir mal pelo que os outros fazem pra mim, dizer o que os outros querem ouvir... Me perco nessa confusão.

E quanto ao que eu quero? E o que eu sinto? E o que eu gosto? É nisso que devo trabalhar agora.

Soa meio egoísta, mas não é. É sobrevivência.

Mas é isso. Meu namorado continua internado, e está limpo e em tratamento, só por hoje, há 58 dias.

O que eu desejo pra mim, desejo a vocês também. Múltiplas 24h de muita serenidade, coragem e sabedoria.

Fique bem.
Fiquem com Deus.

Um comentário:

  1. ..rs..eu não fui criada em uma familia de evangélicos, mas tb cresci assim..kkk..na familia perfeita onde todos sorriem e não dizem exatamente o que sentem ou o que pensam pq vai magoar o outro...rs....o que tenho aprendido na minha mudança é que da pra sermos nós mesmos, nem que isso vá de contra com o que aprendemos, o segredo será a forma de expor seus pensamentos, nem de forma passiva, nem de forma agressiva, de forma assertiva ai que ta o X da questão...fique com Deus..bjus

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