sexta-feira, 11 de julho de 2014

Haja paciência!

Olá meus amigos.

Demorei uns dias para postar novamente, mas é que sofri um pequeno acidente caseiro. Estava lavando a louça e não vi que um copo tinha trincado. Quando fui passar a esponja um pedaço da borda caiu, deixando um pedaço muito bem afiado, que entrou com tudo no meu dedo.

Resultado, alguns dias sem conseguir digitar direto. Mas por outro lado, devorei 2 livros. Foi um tempo bem aproveitado. 

Fora isso, sem grandes acontecimentos.

Na última quarta feira fui na reunião do grupo de apoio. Como sempre, muito boa e necessária. 

Fizemos uma reflexão sobre paciência e tolerância. No sentido de dar espaço e escutar o que o outro tem a dizer. Nem sempre as coisas tem que ser do nosso jeito. Pode ser bom ouvir o outro lado, ouvir outra opinião. 

Fiquei pensando como eu não tinha paciência nenhuma com o meu namorado. Tá certo, eles nos enlouquecem. Mas mesmo quando ele estava numa boa, e me pedia para eu ajudar ele com alguma coisa no computador, por exemplo. Eu trabalho a vida toda com computador, mas ele nunca teve muito contato, e digita muitoooo devagar. Eu nunca tinha paciência para ensinar e acabava fazendo por ele. Mas não só isso. Tanta coisa que eu dizia: ai tu não consegue fazer, vai ser muito difícil pra ti, deixa que eu faço.

E depois quero reclamar que ele não tem responsabilidade e se pendura nas minhas costas. 

Sem falar de que tudo que ele falava, eu achava que ele estava mentindo. Tudo que ele sugeria, era errado. Só o meu ponto de vista era o certo. Ele tinha que fazer do jeito que eu dizia que era pra fazer. 

Nossa, isso é cansativo. 

Poxa, nem sempre eu vou estar certa. Nem sempre a minha sugestão é a melhor.

Quando ele sair de lá, ele vai passar por um processo difícil de readaptação. Eu preciso dar espaço a ele. Espaço para ele acertar, espaço para ele errar, espaço para ele aprender, espaço para ele andar com as próprias pernas.

Eu sempre fui muito mãezona. Eu prefiro fazer, eu mesma, do meu jeito, do que deixar o outro fazer mal feito. Mas a que isso me levou até agora? Não deixo ele crescer e me sinto usada.

Ó vida, quantas lições ainda tenho que aprender. Eu tenho que cuidar da minha vida, e deixar que ele cuide da dele, só pra variar. Eu tenho que fazer as minhas escolhas, e deixar que ele faça as dele. Afinal, somos nós que vamos ter que arcar com as consequências dessas escolhas.

Mas fora isso, há coisas boas também. Estou quase conseguindo um emprego. Mandei meu currículo para o RH da faculdade. Espero que eles estejam me chamando em breve. Assim garanto, também, um bom desconto na mensalidade. 

Vai ser bom pra mim. Não aguento mais ficar em casa sem ter muito o que fazer. Preciso ser útil. 

E também sou tão impaciente. Fico angustiada com a ligação do serviço que não acontece, com esse corte na mão que não sara, com o tempo que não passa tão rápido como deveria. Mas preciso passar essa paciência, que não tenho, pra ele. Pra ele não desistir desse tratamento tão longo.

Bom, a respeito do amore, ele continua internado e focado no tratamento, há 65 dias. Na verdade, ele andou fraquejando esses dias, me mandou uma carta semana passada, dizendo que estava com muita vontade de sair e trabalhar, e com muita saudade de mim e da filha. Mandei uma carta de volta bem enérgica dizendo que não queria ele aqui agora.

Afinal, ele passou por tantas coisas para conseguir entra lá, e já que está lá, então fique e se trate. Só isso que eu espero dele agora. Tudo tem seu tempo certo. Ele vai ter bastante tempo para trabalhar, pra reconquistar a filha dele, ela só tem 4 anos, e pra gente começar a viver nossa vida juntos. Mas isso não vai acontecer se ele estiver doente, e nós estivermos também. Foi isso, basicamente, que escrevi pra ele.

Essa semana recebi dele de volta uma carta um pouco mais confiante. Ele continua lá, isso é ótimo. Daqui a 15 dias nos veremos novamente. 

A saudade dói no peito, sinto muita falta dele aqui. Tantas coisas que preciso resolver sozinha, outros momentos bons e até os ruins que não tenho com quem dividir, aquela cumplicidade que sempre existiu entre nós, quando a droga não estava lá.

Estamos reconstruindo tudo isso, aos poucos. É tudo tão recente. Muita coisa precisa ser resolvida no nosso próprio interior, precisa ser superada. É difícil. Mas chegamos lá. 

Porque eu sei que ele é muito mais do que um dependente químico em recuperação. Ele é muito mais do que essa doença. Eu sou muito mais do que uma codependente. Nós somos duas pessoas imperfeitas que se recusam a desistir um do outro. E se for preciso todos esses meses separados para ficarmos juntos, sem a droga, que estraga tudo, que seja. Nossa hora vai chegar.

Eu acredito muito em Deus. E sei que Ele tem o melhor pra nós. 

Fiquem bem meus queridos. Fiquem com Deus.

Desejo muita serenidade, e coragem, e sabedoria, só por hoje! Força!

4 comentários:

  1. Olá minha querida! Meu nome é Tatiana e sou namorada de um adicto que está internado também. Acompanho o blog da Poly e desde que vi um comentário seu lá passo por aqui sempre, mas nunca tinha me identificado tanto com uma postagem sua como hoje! Parecia que estava me descrevendo! rs... Confesso que o meu agir na volta dele pra casa ainda me preocupa, pois as falhas que estão em mim o impedem de caminhar sozinho, mas tenho certeza que Deus continuará comigo e me ajudará a seguir os passos corretos! Parabéns pelo blog e que Deus a abençoe muito! Um gde bjo

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  2. Meninas não precisamos ser perfeitas pra que eles não fraquejem, alias devemos ser quem somos, claro buscando melhorar nossos defeitos e cuidando das nossas vidas pra que eles possam cuidar da deles, lembrem-se que nossa doença é exatamente essa, nos modificar pra ajuda-los quando na verdade devemos nos modificar por nós...a recuperação deles é com eles...bjaum e bom findi

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    1. É verdade, Kel... Foi tão natural meu desabafo que não teve como minha doença não dar o ar da graça! rs... Para mim, essa questão ainda é muito difícil e estou sempre caindo nessa armadilha! Tem pouco tempo que busco ajuda e como diz uma companheira de Nar-anon: estou no conta-gotas, mas fico feliz de poder contar com suas palavras. Obrigada e fica com Deus. Tatiana

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    2. É verdade gurias. Muitas vezes me pego pensando: será que estou fazendo isso por ele, ou por mim? Claro que de certa forma é por ele. Pois comecei a engatinhar na minha recuperação por causa dele, pra ajudá-lo. E eu preciso aprender a melhor forma de lidar com ele, e com a doença dele quando ele voltar. Mas não quer dizer que também não seja por mim. Descrevi ali um exemplo de minha falta de tolerância e paciência com ele, afinal, é disso que trata o blog, mas não é só com ele que sou assim, é com todos a minha volta. Então, essas mudanças são por mim também, para melhorar todos os meus relacionamentos. Muito obrigada mesmo pelas palavras de vocês. Posso passar o que estou sentindo e sempre aprendo alguma coisa. Beijos

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